sexta-feira, janeiro 30, 2015

A batalha de Atenas


• Pedro Silva Pereira, A batalha de Atenas:
    «(…) Uma das mais consensuais lições da desastrosa resposta da Europa à crise das dívidas soberanas é esta: teria sido melhor cortar o mal pela raiz. De facto, a recusa inicial da solidariedade europeia, imortalizada pelo slogan "nós não somos a Grécia!", deixou as dívidas soberanas à mercê da especulação financeira e, ao invés de "acalmar os mercados", consentiu num efeito dominó de consequências devastadoras. É certo, a zona euro enfrentou essa crise com a fragilidade inerente às insuficiências da União Económica e Monetária, que só progressivamente foi conseguindo suprir por via de novos instrumentos de governação económica e intervenção financeira. Mas não é menos verdade que enfrentou esta crise fortemente condicionada também por uma cegueira ideológica austeritária, que muitas vezes se escondeu por trás de interpretações restritivas (hoje reconhecidamente falsas) dos Tratados, do próprio mandato do BCE e até das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Acontece que nada no Tratado de Lisboa obriga as instituições europeias a exercer as suas competências apenas quando o fracasso é evidente e a situação se torna desesperada. Quer isto dizer que a União Europeia, não obstante todas as limitações, podia e devia ter feito mais. E teria poupado muito dinheiro e muitos sacrifícios se tivesse agido de uma forma mais coesa e solidária logo desde o início, quando se declarou a crise grega.

    Agora que, cinco anos depois, um novo Governo grego procura na Europa um novo compromisso político no quadro do euro, veremos se os parceiros europeus tratam o senhor Tsipras com a mesma atitude com que trataram em 2010 o primeiro-ministro George Papandreou. Ficaremos a saber nessa altura se aprenderam alguma coisa.»

3 comentários :

Anónimo disse...

Silva Pereira podia desde ja falar com Martin Schultz e Sigmar Gabriel, seus camaradas do SPD.

E já agora, dar uma palavrinha aos Sousa Pinto.

Lourenço disse...

Há também no PS muita gente a favor da austeridade,e desta politica rasca de defesa dos grandes interesses, basta ler os comentários de Vital Moreira, no blog causa nossa (o tal ex-comunista que não tarda nada está a fazer companhia a Zita Seabra na Opus Dei)para estar com um pé atrás em relação ao PS, O PASOK está mesmo ao virar da esquina e fartos de lacaios estamos nós

Anónimo disse...

É verdade, alguém disse e eu ouvi, creio que Paulo Portas dizer que nós não somos a Grécia. Que pena digo eu. Para além de Camões, de D. João I, dos militares de Abril eu poderia, com orgulho, falar da Escola de Aristóteles, sem dúvida o pensador mais equilibrado entre materialismo e idealismo, ocultando Sócrates de longe mais a sua atitude anti democrática, que bem o lixou.