• Fernanda Câncio, (A)versão da polícia:
- «(…) Logo após os acontecimentos a PSP, pela voz do "subcomissário Abreu do Comando Metropolitano de Lisboa", certificava à Lusa que a esquadra de Alfragide fora alvo de "uma tentativa de invasão por um grupo da Cova da Moura". Situando o início do ocorrido - o alegado apedrejamento do carro - às 14 horas, admitia "um tiro de shotgun para o ar para dispersar" e um outro quando "os restantes jovens tentaram invadir a esquadra." Pouco depois, informado pelo Público da existência de ferimentos numa mulher, Abreu admitia mais disparos e menos certezas: "A PSP não confirma nem desmente que possa ter ocorrido esse incidente, mas vamos apurar e no final da tarde teremos uma resposta mais consolidada."
Não é possível, nesta altura, saber a verdade dos factos - se algum dia vai ser. Mas podemos, e devemos, concluir várias coisas sobre a PSP. Que veicula para os media versões instantâneas, autojustificativas e incendiárias para depois, confrontada, admitir que não sabe o que se passou; que admite disparar mas não sabe quantos tiros nem se feriu alguém, quanto mais explicar porquê. Numa polícia com esta cultura, com tais graus de irresponsabilidade e desprezo pela verdade, estranho será não haver agentes que acham que podem dizer e fazer tudo. Ser rufias, violentos, racistas, até homicidas - por que não, afinal? Como estranho, tão estranho e triste, é que assim seja há tanto tempo, e que tão pouca gente se escandalize - mas, lá está: fosse diferente a exigência e não seria esta a polícia.»
2 comentários :
O Mário Machado, pela proximidade de relações com o Ministério Público e pela clara confiança política de que goza junto do PSD e o CDS, daria um bom director nacional de uma futura PIDE/DGS. Fica aqui a sugestão.
Admiro o trabalho da Fernanda Câncio na luta contra a violência policial. A IGAI nada faz, o Ministério Público dá cobertura aos polícias e nem sequer comunica aos chefes dos polícias as queixas que contra polícias são apresentadas. São muitos os casos em que pessoas violentamente agredidas fazem queixa e o MP acusa-as de denúncia caluniosa.
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