sexta-feira, maio 22, 2015

Leituras

• Fernanda Câncio, Em defesa de Filipe Silva:
    «(…) E depois há o auto. Nele, Silva acusa o homem que agrediu de ameaças e de lhe cuspir na cara, e o pai dele de injúrias, justificando com isso o uso da força. Escrito horas depois e decerto após troca de impressões com colegas e superiores - já se sabia que tudo tinha sido filmado -, o auto não é, obviamente, a versão de Silva, mas da corporação. Uma versão que, frise-se, despreza a lei e os regulamentos que estabelecem ser a força para usar apenas e só em última instância e sempre com proporcionalidade, jamais por vingança ou desagravo. Mas na cultura da PSP, que este jovem oficial (tem 30 anos) aprendeu e incorporou e decerto ensina aos subordinados, só há uma lei: a da autojustificação, do encobrimento e daquilo que se considera ser a defesa da imagem da instituição - lá está, da "autoridade". Exceto quando, azar, se é apanhado em vídeo, de cara destapada, e os agredidos são brancos, benfiquistas, bons pais de família, e pode ser preciso um bode expiatório para apaziguar os deuses do Facebook.»
• Francisco Seixas da Costa, A cara:
    «(…) Nas eleições legislativas que aí vêm, para além dos partidos e dos seus programas, estaremos a escolher a pessoa que vai dirigir o futuro Governo. Dir-me-ão que não é bem assim, que são os deputados que iremos selecionar. A mim, contudo, importa-me essencialmente a cara daquele a quem eu posso pedir contas pelo voto que lhe dei. E, neste jogo de caras, de credibilidade, eu só estarei ao lado de uma pessoa de bem, de quem tenha um passado político e cívico cristalino e intocável, de alguém a quem nunca tenha visto fazer o contrário daquilo que prometeu.»
• David Pontes, Homem rico, homem pobre:
    «(…) Um dos valores com peso político é o que nos diz que no pico da crise, entre 2009 e 2013, os 10% mais ricos viram o seu rendimento cair 8%, enquanto o dos 10% mais pobres recuou 24%. Dados muito longe de estarem em sintonia com a propalada distribuição equitativa da crise que o primeiro-ministro vem apregoado.

    Outra frase, da mesma fonte, desmentida com vigor por este relatório é a de "nós sabemos que só sairemos desta situação empobrecendo". Este empobrecer que se tem acentuado nas classes mais baixas reforça as desigualdades e para a OCDE não há dúvida de que "a desigualdade tende a influenciar negativamente o crescimento do PIB e é a distância crescente dos 40% mais pobres em relação ao resto da sociedade que está a contribuir para esse efeito". (…)»
• Pedro Silva Pereira, A crise no Mediterrâneo e o financiamento do desenvolvimento:
    (…) O relatório que apresentei no Parlamento Europeu sobre Financiamento do Desenvolvimento, e que foi esta semana aprovado por uma larga maioria (85 % dos votos), é um contributo para a posição que a União Europeia deve tomar nessa Conferência decisiva de Adis Abeba.

    O que o Parlamento Europeu decidiu foi dirigir à Comissão Europeia, ao Conselho e aos Estados-membros uma mensagem política forte e clara: é urgente que a União Europeia não só reconfirme o seu compromisso, nunca cumprido, de afectar 0,7% do Rendimento Nacional Bruto à ajuda pública ao desenvolvimento (anda agora pelos 0,4%) mas também que apresente um calendário credível que, tendo em conta as limitações orçamentais, garanta o cumprimento dessa meta pelo menos até 2020.

    Perante a dimensão dos desafios globais e com tantos e tão intoleráveis atentados à dignidade da pessoa humana, a decisão que for tomada mostrará se a União Europeia permanece à altura dos seus valores e das suas responsabilidades. E revelará também até que ponto são para levar a sério os eloquentes discursos dos líderes europeus sobre a necessidade de atacar as causas da tragédia no Mediterrâneo.»

3 comentários :

Anónimo disse...

" no pico da crise, entre 2009 e 2013, os 10% mais ricos viram o seu rendimento cair 8%, enquanto o dos 10% mais pobres recuou 24%" Estes dados estatísticos até podem ser indicativos, mas em bom rigor não são válidos, pois o gap é muito superior. Enquanto os 10% mais pobres não podem fugir às estatísticas oficiais (quebra de 24% no rendimento), os 10% mais ricos apresentam quebra de 8% na sua riqueza, mas tal é falso pois s fogem completamente às estatísticas oficiais de mil e uma maneiras legais e profissionais. E a classe média? quanto é que perdeu na riqueza? foi muito mais de 24%!

Anónimo disse...

já citam o David Pontes?!

ignatz disse...

"... eu só estarei ao lado de uma pessoa de bem, de quem tenha um passado político e cívico cristalino e intocável, de alguém a quem nunca tenha visto fazer o contrário daquilo que prometeu..."

esta receita foi aviada por um cromo que andou a puxar a fralda ao zé manel para escrever umas lérias no observador e trabalha para o pinguço nos intervalos dumas circunferências em que faz de centro esquerda, umas cenas elípticas de alta performance que ninguém percebe.