Abutres sem tempo para preparar assalto às últimas jóias da coroa |
• Luís Villalobos, Onde falharam as privatizações:
- «(…) Outro aspecto importante das reprivatizações prendia-se com a redução do peso da dívida pública na economia. Uma intenção com algum mérito, mas que falhou redondamente. Durante estes anos, a venda de empresas que estavam nas mãos do Estado rendeu cerca de 35 mil milhões de euros (tendo por base um valor referido por Ana Suspiro no livro Portugal à venda).
Quanto à dívida pública, está agora na casa dos 220 mil milhões de euros (130% do PIB). Historicamente, a descida da dívida pública esteve associada aos pagamentos decorrentes das reprivatizações e não do controlo das despesas. Assim, rapidamente voltou a subir e o resultado do encaixe com a venda de empresas foi o mesmo que atirar copos de águas para um fogo alimentado por gasolina (fenómeno que continuou a verificar-se com o actual Governo).
(…)
Caso a privatização da TAP seja finalizada, pouco resta ao Estado para vender. Com os falhanços que se verificaram no processo das reprivatizações, espera-se que o futuro seja diferente para grupos como a Águas de Portugal e a Caixa Geral de Depósitos.»
1 comentário :
Há uma parte do artigo que não está no post e que é importante para enquadrar temporalmente esta história das privatizações dos bens públicos em sectores estratégicos e geralmente monopólios naturais – «Em 1990, Mário Soares e Cavaco Silva, enquanto Presidente da República e primeiro-ministro, respectivamente, assinaram a lei-quadro das privatizações» - mas também não está no post a assunção do carácter neoliberal que levou a que o rol descrito de empresas estratégicas e monopolistas fossem privatizadas, e nestes 25 anos, pelo PS, PSD e CDS. Alinharam todos pela bitola neoliberal com a esfarrapada desculpa que os privados (a maioria estrangeiros) é que eram bons a gerir o interesse público (estado e cidadãos). Vê-se!
Há também uma parte do futuro que é muito fácil de adivinhar e melhor que qualquer astrólogo: o PS, o PSD e o CDS vão querer privatizar o que resta do sector empresarial e da área social do Estado, recorrendo às mais diversas formas e enriquecendo brutalmente uma minoria de catrogas, vitorinos, amados, mexias, loureiros, cadornas, varas, à conta dos bens de todos, com a maioria dos cidadãos sempre a perder.
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