sexta-feira, junho 19, 2015

O êxodo


• Pedro Silva Pereira, O êxodo:
    «Os números divulgados pelo INE sobre o declínio da população residente em Portugal (menos 200 mil residentes em apenas quatro anos e mais 134 mil emigrantes só em 2014) traduzem uma verdadeira catástrofe demográfica que deixará marcas profundas por muitos anos.

    Vale a pena olhar com olhos de ver para os dados oficiais que esta semana foram divulgados pelo INE. O primeiro facto a reter é este: a população residente, depois de ter crescido todos os anos entre 2004 e 2010, aumentando nesse período em 78 mil pessoas, inverteu essa tendência desde 2011 a ponto de se reduzir em quase 200 mil pessoas (198 mil, para ser exacto) só nos últimos quatro anos. Este fenómeno ficou a dever-se à quebra acentuada da natalidade mas também ao fortíssimo movimento migratório que se desenvolveu nos últimos anos, sobretudo entre os mais jovens. Os números até arrepiam: em 2011, emigraram 100 mil portugueses (44 mil a título permanente e 56 mil a título temporário, isto é, com expectativa de regressar em menos de um ano); em 2012, o número de emigrantes disparou para 121 mil (52 mil permanentes e 69 mil temporários); em 2013, subiu ainda mais e ultrapassou os 128 mil (53 mil permanentes e 74 mil temporários) e, finalmente, em 2014, Passos e Portas superaram as suas próprias marcas anteriores e averbaram um novo e lamentável record: num único ano, emigraram 134 mil portugueses (49 mil a título permanente e 85 mil a título dito temporário)!

    As razões deste autêntico êxodo são conhecidas e, quer se queira quer não, derivam directamente da política seguida pelo Governo: a estratégia de empobrecimento, que se transformou numa verdadeira máquina de destruição de expectativas e de oportunidades; a absurda política de austeridade "além da troika", que fomentou a recessão e destruiu desnecessariamente mais de 400 mil empregos; a política económica e social contra a família e a natalidade, que semeou insegurança, agravou a precariedade e cortou salários e apoios sociais e, finalmente, por incrível que pareça, o inédito apelo explícito à emigração, feito a várias vozes por diversos membros do Governo, incluindo o próprio primeiro-ministro.»

1 comentário :

Anónimo disse...

Não se preocupem.

Quantos já vieram de Cabo Verde, da Guiné e arredores?

Temos pessoal de sobra...