terça-feira, junho 02, 2015

O seguro morreu de velho


A Inspecção Geral de Finanças (IGF) é um órgão interno do Ministério das Finanças. Por mais isenta que procure ser, a IGF não é independente do poder político. A última palavra cabe sempre ao ministro das Finanças, no caso Maria Luís Albuquerque, ou aos secretários de Estado que tenham competência delegada¹.

O Governo poderia ter pedido uma auditoria a uma entidade externa, como o Tribunal de Contas. Ao optar por confiar à IGF a auditoria, transformou-a objectivamente numa fraude.

Mas o Governo ainda foi mais longe. Mesmo sabendo-se que um trabalho desta natureza passa por sucessivas filtragens antes de ver a luz do dia, o Governo não quis correr riscos, decidindo entregar a coordenação da acção a uma técnica da sua absoluta confiança, a qual até há pouco tempo fora membro do gabinete de outro secretário de Estado de Maria Luís Albuquerque. É caso para dizer que o seguro morreu de velho.

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¹ É muito provável que Maria Luís tenha delegado a aprovação dos trabalhos da IGF sobre matérias tributárias no secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, ou seja, em Paulo Núncio. Se assim for, isto tudo é ainda mais extraordinário, não é?

5 comentários :

Anónimo disse...

O mais chato é que ninguém liga nem quer saber, as televisões dão a notícia candidamente e pronto, assunto arrumado, é como se fosse tudo transparente, independente e sério. Entretanto os manos vão tomando conta disto tudo, olhando à volta com um sorrisinho cínico e altivo, como se pertencessem a um estrato superior. Triste povo.

ana

Morgado De Basto disse...

Portugal,a cada dia que passa,vai-se tornando no Reino da Bostagem.Paulatina e alegremente,enquanto milhões de cidadãos perdem dignidade,decência existencial,salubridade comportamental e capacidade critica e de reação.Massa critica,cada vez mais em vias de extinção.E,este estado das coisas a quem serve objetivamente?(...)

Entretanto,o Partido Socialista caminha aos tropeções,mergulhado em silêncios mil e o desencanto e o sentimento de ausência vão invadindo o coração de muitos e muitos portugueses que não se sentem representados nem mobilizados pelo partido em que sempre se reviram e acreditavam(?)(este foi o meu sentimento quando,como independente,ajudei a eleger António Costa SG)gerando um sentimento de desencanto e frustração.

Júlio de Matos disse...


Extraordinário?

Não, normalíssimo, nos padrões de "rigor" e "seriedade" desta gente anormal.

Anónimo disse...

Estamos na tal suspensão da democracia que a ferreira leite queria implementar. A ditadura chegou e poucos parecem incomodar-se...nem mesmo os deputados dos partidos ditos de oposição (que eu saiba) tomaram posições concretas contra tal situação... é o deixa andar, de descalabro em descalabro... Vale para contentamento (mas até ao lavar dos cestos é vindima) a notícia da suspensão da privatização da TAP. Quando há pessoas que se empenham de verdade nas lutas pela defesa da lei, do bem público e da democracia, as coisas boas acontecem. Um Bem Haja para todos os que ainda lutam contra a destruição de Portugal (e o Câmara Corporativa também é um deles)!M.

Anónimo disse...

comportamento próprio dos poderes totalitários, nem o Salazar nem o
Cunhal faziam melhor. Viva a Democracia Viva Portugal Livre e Democratico Rua com esta cambada fascizante que não vale a água que bebe.