terça-feira, junho 16, 2015

Quem quer publicar interrogatório em segredo de justiça?

    «Neste artigo, Luís Marinho - que não é uma pessoa qualquer: é um jornalista veterano - diz, preto no branco, que a transcrição de um interrogatório sujeito a segredo de justiça foi oferecida a vários órgãos de comunicação social. Ora:

    1. O jornalismo deve ou não ter por único critério o interesse público?

    2. É ou não é do máximo interesse público saber como são oferecidos documentos em segredo de justiça - por quem e a quem, por que meios e a troca de que contrapartidas?

    3. Sendo vários os jornais beneficiados com essa oferta, quais são? Porque recusaram os que recusaram? Porque aceitaram os que aceitaram? Sabendo como têm de saber quem os ofereceu, porque se recusam sequer a esclarecer a opinião pública de qual das partes - a acusação, a defesa, terceiros e que terceiros - saiu a oferta?

    4. Pelo menos esses jornais têm, por definição, as informações indispensáveis para responder a estas perguntas - sendo que, tendo havido vários casos em que as fontes também por definição os usaram para manipulá-los, estão por isso dispensados, à luz do Código Deontológico, do dever de as proteger. Então porque as protegem?

    5. Porque é que, havendo tanta 'investigação' jornalística sobre os crimes alegadamente cometidos pelos arguidos, não há nenhuma investigação jornalística sobre o único crime até agora efetivamente comprovado, a violação do segredo de justiça? E, não havendo, porque continuamos a falar de jornalismo?»

9 comentários :

fer disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Fernando Romano disse...

A "lepra vassálica" entranhou-se na Com. Social. Aplaudamos os que a ela conseguem subtrair-se.

Luís Lavoura disse...

Sabendo como têm de saber quem os ofereceu, porque se recusam sequer a esclarecer a opinião pública de qual das partes - a acusação, a defesa, terceiros e que terceiros - saiu a oferta?

Porque fazer tal coisa constituiria uma denúncia. E, a não ser que tenham provas com que sustentar a denúncia (gravações de conversas, etc), essa denúncia seria considerada caluniosa.

Anónimo disse...

Em Portugal não há jornalismo de referência. Quanto muito há tabloides. Só gente ignorante, para quem o padrão é o jornal A Bola é que pode considerar o DN, o Público ou o Expresso "jornalismo de referência".

Os códigos deontológicos são violados sistematicamente sem qualquer sobressalto.Investigação não existe, o grosso das noticias é copy paste de outros jornais, muitas vezes com dias de atraso. Noticias sobre vídeos do youtube e celebridades duvidosas é o prato do dia. O online então é abaixo de lixo.

A única coisa que não compram feita nos hipermercados de noticias são as colunas de opinião feitas maioritariamente por free lancers.

As redacções estão recheadas de estagiários do IEFP acabados de sair de universidades medíocres, com uma mão à frente e outra atrás, desesperados por manter o emprego.

Não são jornais, são centrais de propaganda que compram conteúdos para disfarçar.

Rosa disse...



Na "mouche"...

Anónimo disse...

Mas tantas vezes o cântaro vai a fonte que deixa lá uma asa !
Desta vez a "fuga" de informação, contra o que era pretendido, beneficia largamente o arguido!
Felizmente o famoso interrogatório veio a público porque assim a narrativa da investigação promovida pela imprensa amiga ficou com a careca a mostra!
Andam completamente aos papéis e não têm nada para acusar Sócrates!
Vai chegar o dia em que não poderão haver mais fugas para a frente e todos vão enfrentar o seu destino!

Santa Beatriz da Silva disse...




N O J O !

Magus Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Magus Silva disse...

(Partilhado de Factos e Crítica)


O ANDRÉ JÁ SABE...
André ventura, autor do artigo de opinião, inserido no Correio da Manhã de 17-6-2015, já sabe que Sócrates, ex-primeiro ministro de Portugal, será condenado.

Começaram pela violação do segredo de justiça, condimentados à medida da vontade dos relatores.

Estará o André de posse do resultado do justamente em segredo, como quem diz: cá para nós? Ou, mais evoluído, mais esclarecido, mais adiantado no tempo, estará a referir-se concretamente à abstracta condenação feita pela comunicação social, com destaque para os inimigos de Sócrates a quem chamam o 44?

Seja qual for o fundamento do André, advogado e tudo, ele já sabe.

Basta transformar o desejo, a convicção em realidade e eis que temos antecipadamente o veredicto que tarda em chegar,

Regressar à justiça do passado, e Sócrates, com Pilatos a lavar as mãos, será condenado, tal Cristo, tal Sócrates de outrora.

Todos estamos de posse de conhecimentos subjectivos, de gente subjectiva, com uma finalidade concreta.

Não estou a negar o direito de opinião, o direito de opinar, mas há opiniões que mais parecem autênticas infâmias.

Opiniões transformadas em certezas, por gente que não tem certeza de nada, de coisa alguma.