quarta-feira, junho 03, 2015

Voltar ao ponto de partida, mas agora de tanga


Em jeito de balanço de 2014, Passos Coelho sustentou que o país estava viver uma «recuperação saudável», sem retorno a «velhas políticas»: «O nosso crescimento é saudável e sustentável quer quando olhado por via da procura interna — consumo sem endividamento — quer do lado investimento, que está no essencial a ser dirigido para equipamentos, maquinaria, que acabará por produzir um aumento do produto potencial a prazo.» E para que não subsistissem dúvidas, o alegado primeiro-ministro acrescentou: «tudo isto sem acrescentar dívida, quer às famílias, quer às empresas, sem qualquer modelo económico que esteja condenado ao fracasso no médio prazo».

A cantilena com que Passos & Portas se vão aventurar a ir a votos é linear: a economia deu a volta e agora assiste-se a um crescimento sem endividamento. Acontece que isto é falso.

É certo que o Tribunal Constitucional deu um leve empurrão ao consumo quando chumbou os cortes inconstitucionais do Governo. Mas agora sabe-se, através do Banco de Portugal, que o crescimento, mesmo medíocre, foi impulsionado pelo crédito ao consumo, que regressou a níveis do início de 2011. E que o investimento de que fala o alegado primeiro-ministro («equipamentos, maquinaria») é, como mostra o INE, em automóveis.

Mas não é caso para a coligação de direita desanimar. O PSD e o CDS podem ousar apresentar-se às eleições erguendo a grande reforma estrutural do Governo: uma redução brutal dos salários e a constituição de um monstruoso exército de desempregados como Portugal não conhecia.

3 comentários :

Anónimo disse...

Sim, é verdade, quando se começa a instalar um ténue, ténue optimismo, logo dispara o credito ao consumo e também a importação de bens de consumo. Ainda mais quando o investimento não arranca. É assim a economia real! O doente começa a acordar e logo os rins começam a funcionar. Corrigiu as patologias de 8 anos de crise e 4 anos de austeridade expansionista estupida? Há mossas irreversíveis e só uma pequena parte será mudança estrutural, a maior parte de pura perda e destruição outra parte real mudança de ajustamento estrutural, que se revelará necessariamente positiva até devido à inevitável mudança "natural" que sempre se daria em 4/5 anos. Entra gente mais culta. à mistura com a destruição e rendição em massa de gerações velhas e jovens fora do mercado, perda de negócios e actividades, depauperamento e desbaratamento das competências do estado, etc. Tudo foi deixado ao efeito da voragem. E do lado das politicas publicas, nada de sistemático foi feito e preparado para melhorar os mecanismos macro e microeconómicos e a regulação. Desde logo a banca, que sempre dará credito ao consumo, como é normal, e nisso ira mostrar que pouco ou nada aprendeu. Regulação e transparência não funcionam. Também no campo do import export, como iremos ver, vão disparar as importações de bens de consumo (e não só)assim que se der uma retoma minimamente robusta. É da vida, neste mercado único do euro que só funciona num sentido. Portugal já quase nada produz para si mesmo. Importa tudo, assim que algo mexe, mas isso é para o próximo Governo. Um grande problema que não vejo ainda devidamente tratado pelo PS

Anónimo disse...

Falemos antes dos nove pontos da coligação, tal como enunciados pelo I privada online:

1. Garantem que não há intervenção externa: esperemos que a Grécia não rebente e não haja contágio. Deficit excessivo: levaram quatro anos e sabe Deus como e se sim;
2. no de que dos depender: como o mundo é feito de interdependências ê caso para dizer que já estão a sacudir a água do capote
3.dentro do que está no alcance de um governo. Nem é do governo, é de um governo, qualquer coisa, enfim é uma espécie de declaração de impotência
4. Treta
5. Por consenso? E o que pensam do assunto para ver se há margem para consenso?
6. Ena! Gostam do estado social. Os blogs deles vão entrar em transe com a heresia. O que vale é que é só universal e geral. Já gratuito, tendencialmente gratuito, é que não. E é universal na gama ou também no acesso?
7. Limite constitucional na dívida: parece pregação da castidade no Elefante Branco. Afinal de contas cresceu mais de trinta por cento em quatro anos. o negócio é outro: abrir a revisão constitucional para demolir a constituição económica e fazer-nos chegar ao paraíso do estado mínimo. Não desarmam.
8. Natalidade. milagre! paulo portas vai dar à luz!
9. E o céu brilhará por todos nos.

Anónimo disse...

Só um aditamento à última promessa. Liberdade de escolha, palavra abençoada pelo clero, menos para o aborto.

Tem em vista colégios em regime de associação, hospitais privados e por aí. Digamos que é um promessa bem ideológica, bem na direita. Foi usada nos EUA contra a reforma de saúde de Osama. Já agora, na Irlanda a liberdade de escolha é o oposto: noventa por cento do ensino está nas mãos da igreja e quarenta por cento da população gostaria que os petizes não levassem com tanto catecismo. Ideologias...