• Augusto Santos Silva, COMO COMBATER O NADA?:
- «Muitas vezes, quando pergunto a razão de ser de tanto desequilíbrio no escrutínio crítico comparado das propostas do PS e dos restantes partidos, a resposta que obtenho é que essa é a fatalidade que decorre de ser o PS o único a apresentar propostas escrutináveis. Como de um lado há substância e, do outro, nada, o foco tem de incidir apenas sobre o primeiro lado.
Isto explicaria, por exemplo, porque é que, meses a fio, António Costa foi bombardeado por tudo quanto era imprensa sobre os “números” e as “contas” que dariam fundamento ao seu programa – e, quando foi a vez de a coligação de direita apresentar um programa completamente vazio de fundamentos técnicos e medidas orçamentais, a denúncia crítica desse facto tenha ficado exclusivamente nas mãos dos economistas que colaboram com o PS. A direita diz querer introduzir, em plena crise económica e orçamental, o plafonamento nas contribuições para a segurança social – e ninguém parece interessado em perguntar-lhe como acomodará o rombo imediato que isso provoca no sistema de pensões. A direita está vinculada a uma redução de 600 milhões de euros nas pensões, já para 2016, não diz como e ninguém insiste na pergunta. A direita promete a chamada liberdade de escolha na educação e na saúde, e ninguém a interroga, com um mínimo de persistência, sobre como tenciona financiar essa promessa.
E assim sucessivamente. O programa da direita é, de facto, tecnicamente vazio. Mas, ao contrário dos que veem nisso justificação para, cumplicemente, deixá-la passar entre os pingos da chuva, esse programa é uma clara e bem nutrida proclamação ideológica: privatizar, privatizar, privatizar.
Não se trata, pois, de combater o nada. Trata-se de combater um embuste monumental. Qual foi a área em que a direita não falhou, neste mandato em que falhou tudo o resto? Foi a privatização do que era público e rentável, e podia ser entregue ao lucro privado; e foi o enfraquecimento deliberado do Estado, da administração e do serviço público, preparatório ou concomitante daquela privatização. O que é que a direita se propõe fazer, num suposto próximo mandato? Privatizar o que resta, a segurança social e a saúde.
A alguns isto pode parecer nada. Estão redondamente enganados. Sob a capa de nada, isto revela o verdadeiro programa político de uma direita que se radicalizou. Combater este programa, eis a nossa obrigação.»
6 comentários :
Exatissimamente!!!
nem mais. só que a resposta tem que ser política. deixá-la aos economistas é cair num labirinto de números e gráficos e estatísticas repuxadas, aldrabadas, empasteladas.
como a maioria dos nossos jornalistas políticos pescam pouco ou nada de economia a resposta tem que ser simples, muito simples. depois há uns que percebem de economia, escrevinham na press da especialidade e coitadinhos dançam ao toque da partitura que lhes dão pois precisam de comer. como consta que alguém conhecido terá dito um dia: quem tem ética não come.
Percebe-se porque é q foi saneado e amordaçado das televisões!As manelas continuam a mandar na TVI (há um gajo de calças mas medricas)e o governo controla toda a informação da RTP. O Balsas faz o resto.
Como combater o nada?
É dizer qualquer coisa de maneira directa e eficaz ...
O Seguro andou anos a sabotar o governo de Sócrates, isto é, o governo do PS.
Colaborou nas traseiras no derrube do dito governo, e desde aí nunca, um só momento, defendeu o muito que havia a defender da governação socialista: também queria participar no assalto ao pote.
Os três anos que se seguiram foram patéticos: nem se conseguia saber se Seguro estava na maioria ou na oposição, ou se estava - é esta a minha ideia - simplesmente à espera de poder partilhar o pote com a direita. Para isso, NUNCA SE OCUPOU DE DEFENDER O PS DOS ATAQUES CONSTANTES da direita em relação ao passado. O resultado foi-se vendo.
E chegamos a António Costa. Ele adoptou exactamente a mesma estratégia do Seguro, mesmo com alguma competência a mais. Desde há quase um ano que ele, como líder, recebe ataques ignóbeis em relação ao passado do PS. Ele escolheu, até aqui, ignorar o passado. Ignorar ? Exagero : ele arredou todos os nomes que, do seu ponto de vista, serviriam de armas para o adversário, em vez de o enfrentar. Tornou-se defensivo. Receio que ele venha a ter um destino de acordo com a posição corajosa de... Seguro!
Com Sócrates dentro, fora ou no meio, há uma governação de 7 anos que merece e deve ser defendida. As pessoas que assim pensam não podem admitir que os PS actual renegue o que de bom (e muito bom) foi feito: Entre o medo e a coragem, é só escolher.
E no dia 4 veremos.
F B
bfmail1@gmail.com
Sim, tudo o que foi bem feito na governação socialista deve ser defendido. E basta comparar com o vazio e destruição feita por esta direita. Seguro foi responsável por deixar os direitolas à solta armarem um esquema de "culpa da bancarrota", martelando a cabeça das pessoas, mês após mês. Contrariar a sistemática lavagem ao cérebro não é tarefa fácil, num quadro de completo monopólio da informação pela direita.
Veja-se : dois tempos de antena semanais em sinal aberto reservados aos laranjas. O pretensos debates nos canais cabo têm uma reduzida assistência. O Expresso passou de recadista ao delírio completo. O correio da manha vive bem à margem da ética e da lei. Tanto o DN como o Público "têm dias". Os jornalistas da RTP e Antena 1 têm uma espada sobre a cabeça. E mais ainda a os da Lusa - com a ameaça de mudança de direcção em plena campanha.
Fala-se do desvario antidemocrático da Hungria. Quando é que olhamos para o que se passa aqui?
Costa tem lançado um monte de soundbytes repetidos sacados do manual de demagogos para cérebros de passarinho.
Uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma!
Divida? Qual divida?
Bancarrota? Qual bancarrota?
Compromisso? Qual compromisso?
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