segunda-feira, outubro 19, 2015

Espuma

• António Correia de Campos, Espuma:
    «(…) A coligação levou duas semanas a internalizar a sua nova capitis deminutio. Só agora se apercebeu de que pode ficar fora do Governo e se nele ficar andará de unhas rentes. A sua conduta, como na história passada, aumenta de violência verbal e de sanha à medida que sente a terra fugir-lhe debaixo dos pés. Alguns exemplos: a repetição ad nauseam do argumento de que, embora minoritária no Parlamento, deve governar por direito divino ou consuetudinário; a pressão visível sobre o Presidente para, em caso de aprovação de voto de rejeição pelo Parlamento, a coligação indigitada possa ficar eternamente em gestão (meio ano é uma eternidade) a governar até que o novo Presidente desembrulhasse a novela; a espera ansiosa por um crack bolsista ou pelo insucesso de emissões de dívida de longo prazo que desacreditasse nos mercados a solução à esquerda; o carinho reverencial com que opiniões minoritárias no PS são tratadas nos espaços ideológicos da direita, p. ex. Brilhante Dias e Francisco de Assis (“tropas de Assis já estão no terreno”) esquecendo que sempre na história do Rato se acolheram as dissidências opinativas e com elas se aprendeu; a amplificação dos escolhos, “negociações à esquerda sem fim à vista”; tudo tão patente na linguagem trauliteira de respeitáveis senadores e senadoras: “golpe de estado eleitoral”, a “golpada”, o “usurpador”, “um País rasgado em dois”, “Costa garante a Cavaco a instabilidade”, ou nessa frase romântica de Portas, “Costa sequestra os votos dos que defendem a democracia”. (…)»

2 comentários :

Anónimo disse...

A melhor tirada sobre esta pretensão ouvi-a hoje à noite na SIC, quando a ministra das finanças declarou, muito convencida e sem se rir, que os portugueses manifestaram, por enorme maioria, que pretendem que seja a coligação a governar, com um entendimento com o PS!
Sem dúvida, senhora ministra, e em 2011 os portugueses manifestaram-se no sentido de que o PS fosse sempre desprezado, em especial quando era necessário alterar os termos do memorando? Poderá dizer-nos quantas vezes informou o PS sobre as suas reuniões e compromissos assumidos em Bruxelas?
Tenham paciência! Estou farto de ouvir o argumento da "traição" aos votantes no PS, de que se A. Costa tivesse dito que ia unir-se ao PCP e ao BE teria tido menos votos. E então pergunto: e se tivesse prometido apoio à coligação, teria tido muitos mais? Certamente não, e pelo menos um não teria - o meu!

Catarina Eufémia disse...




PARA ESTES FASCISTAS, A DEMOCRACIA SÓ É BOA QUANDO LHES PERMITE O PODER TOTAL!


Em tudo o resto, é uma grande chatice (ou "chatisse", na língua do zémanel fernandes)...