quinta-feira, outubro 22, 2015

Fernanda Câncio sobre as falsidades do Correio da Manha


«Esclarecimento público

Confrontada com os relatos veiculados ontem e hoje pelo Correio da Manhã e pelo canal de televisão CMTV, e que tiveram ressonância noutros órgãos de comunicação social, a propósito do Processo denominado “Marquês” e que me envolvem, não posso deixar de deixar pública nota do seguinte:

1. É falso que em conversas mantidas telefonicamente com Inês do Rosário, na sequência da detenção de José Sócrates e Carlos Santos Silva, e que teriam sido escutadas no âmbito do processo, esta me tenha comunicado que determinado montante existente nas contas de Carlos Santos Silva pertencia na verdade a José Sócrates. Esta imputação só pode resultar da imaginação doentia e enviesada de quem ocupa no processo a posição de acusador, público ou privado;

2. Sendo absolutamente difamatória e ultrajante, esta imputação será objecto de reacção pelas vias judiciais e desde já irei, como é meu direito (nº 9 do artigo 86º do Código de Processo Penal), exigir o acesso às gravações das conversas em causa;

3. A divulgação de elementos do processo, como é alegado que é feito nas peças em questão, constitui a prática manifesta, e confessada, do crime de violação do segredo de justiça, pelo que se espera que o detentor da ação penal aja em conformidade, nomeadamente determinando de imediato injunções com vista a evitar a repetição da prática do crime, uma vez que é evidente que tal conduta se repetirá;

4. A divulgação de elementos do processo, como é alegado que é feito nas peças em questão, constitui uma conduta que põe em causa o Estado de Direito, uma vez que é assumidamente contra a lei e tem na base uma verdadeira subversão das regras processuais. Com efeito, esta conduta resulta do facto de os funcionários do Correio da Manhã e CMTV se terem constituído Assistentes no processo e terem usado essa posição processual para acederem aos elementos do processo que depois divulgam nos órgãos de comunicação de que fazem parte;

5. Para além do mais, o facto de as peças serem da autoria de quem tem no processo a posição de Assistente significa que é o Assistente que, embora na veste de “jornalista”, dá a notícia. Ora, tal conduta é atentatória dos deveres deontológicos mais elementares, nomeadamente o de informar com rigor e isenção, não se valendo da sua condição para noticiar assuntos em que tenha interesse (cfr. Código Deontológico dos Jornalistas e artigo 14.º da Lei n.º 1/99, de 13 de Janeiro – Estatuto dos Jornalistas).

6. Em face deste atropelo grosseiro da deontologia profissional e da lei, espera-se que os órgãos competentes em matéria de fiscalização do cumprimento das regras deontológicas dos jornalistas – ou seja, a Comissão da Carteira de Jornalista e o Conselho Deontológico do Sindicato de Jornalistas – actuem de forma a sancionar e a pôr cobro a estes comportamentos por parte de pessoas detentoras de carteira profissional de jornalista, sob pena de o jornalismo se tornar uma profissão sem regras e sem qualquer tipo de ética.

Lisboa, 21 de Outubro de 2015

Fernanda Câncio»

14 comentários :

José Costa disse...

Muito bem Fernanda,espero que faça sentar no "mocho" esse tipo de pseudo jornalistas e de informação CM/CMTV porque estes "senhores" não têm o pudor de despir seja quem for na praça pública com ou sem provas lançando a atordoadas a coberto do segredo das fontes de informação

Unknown disse...

O que se há-de esperar de um esgoto a céu aberto.

Anónimo disse...

Este CM é o lixo que faz trezandar a nossa sociedafe. Pena é que estejam protegidos. Numa democracia decente já tinham sido levados à justiça.

Anónimo disse...

Alguèm que avance e denuncie os atropelos dos pseudo jornalistas que não são mais do que braços "armados" da direita fascista instalada nas redacções.Pedir a intervenção da comissão da carteira ou do conselho deontológico dos jornalistas é...esperar sentado. Vale tanto como pedir a opinião da PGR. Mas vale sempre a pena desafiá-los a assumir a defesa dos deveres dos jornalistas que esta raça predominante hoje nos jornais, radios e tv's não sabe o que é!

Anónimo disse...

Muito bem Dra. Fernanda Câncio, sempre em posição ética, rija e desassombrada. Alguém tem de se bater, neste pobre país entregue à lei do mais forte, pela prevalência do Estado de Direito e pela obrigação às regras deontológicas na profissão de jornalista!

Anónimo disse...

Estado de direito? Deve ser uma piada!

Anónimo disse...

"Regras" e "Ética" são conceitos que os manhosos do Correio da Manha desconhecem. Como neste país , a Justiça não funciona como o garante de igualdade de tratamento para todos , os manhosos aproveitam-se de tal e usufruem até de cumplicidade com certos agentes judiciais, como é o caso em apreço. Pode ser que ,um dia, o feitiço se vire contra o feiticeiro.
Espero que a Fernanda Câncio seja bem sucedida.

Anónimo disse...

Como é possível existirem profissionais com uma formação tão baixa?
Em qualquer país com uma liberdade de imprensa, com dimensão cultural e verdadeiro profissionalismo, estes senhores ditos jornalistas teriam que ser responsabilizados pelo comportamento que têm tido neste processo (e infelizmente em muitos outros).
A promiscuidade entre "alguns jornalistas" e "alguns actores da justiça" descredibilizam e mancham os bons jornalistas e os bons magistrados.
VERGONHA

Anónimo disse...

- Ó Felícia vais presa?
- Não, vou dormir com o Chefe!

Anónimo disse...

Esta atitude corajosa e vertical de Fernanda Câncio deveria fazer corar o Miguel Sousa Tavares. Teve a oportunidade de desfazer aquele verme, e recuou, teve medo. Foi o maior anti-climax da televisão portuguesa. Tenho a impressão que nem quando joga o Benfica se sente tanta projecção como naquela noite. Se o Tavares se levantasse e desse um soco naquele miserável, milhares de pessoas gritariam "Goooooolllloooo" e bateriam tachos e panelas à janela. Contudo fica uma lição, Cojones não é um substantivo masculino, é, simplesmente, uma medida de coragem.

arebelo disse...

É mais que tempo que o cidadão que se preze e na impossibilidade de agir contra a escumalha em questão super-protegida como está e certa da impunidade,a menos que lhe desabe em cima algo no género do que sucedeu no semanário francês de B.D.uma dose cavalar para tão reles mistela,faça o que está seu alcance,boicote a compra do pasquim e não veja essa sarjeta que é a tal cloaca televisiva.

Anónimo disse...

Eu fico impressionado e' que essa tralha anda por Lisboa e ainda ninguém lhes deu nas trombas.impressionante.o q comprova q o povo é cobarde e sem cojones.

Anónimo disse...

Muito bem Dra Fernanda Câncio. O Estado de direito, para não soçobrar, precisa de força, garra e inteligência.

Anónimo disse...

O Correio da MANHA