sexta-feira, novembro 18, 2005

Professores “em luta” [2]

Notícia do dia: seis (6) por cento dos docentes do ensino público não universitário não deram uma única falta no ano lectivo de 2004/2005. Interessa-nos ver o lado positivo das coisas.

Paulo Sucena, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores, procura também, como nós, ver o lado positivo das coisas: “são dadas 150 milhões de aulas por ano”, pelo que “7,5 a 9 milhões representam apenas 5% das aulas, e o que deve ser valorizado é a percentagem de 95% de aulas dadas”.

Há no entanto um equívoco de pormenor no raciocínio de Paulo Sucena, que não põe em causa o optimismo de que dá mostras: não foram dadas “150 milhões de aulas por ano”, mas um pouco menos de 100 milhões de horas. Assim sendo, não foram “apenas” 5 por cento das aulas que ficaram por dar, mas “apenas” 9,3 por cento.

Ou seja: em cada 100 aulas que deveriam ter sido dadas, mais de nove (9) não foram dadas. Que fizeram os alunos durante esses "tempos lectivos"? E o que poderiam ter feito se os professores não tivessem faltado? Além de ouvir os sindicatos, por que os media não falam também com os pais dos alunos? E não estamos sequer a pensar nessas associações que falam em nome dos pais sem se saber lá muito bem quem as mandatou para tanto. Estamos a pensar em pais propriamente ditos (ou nas comissões de pais de cada escola, havendo-as).

13 comentários :

Anónimo disse...

Faltas por:
- desconto nas férias;
- formação;
- reuniões sindicais;
- cumprimento de obrigações profissionais;
- assistência na doença a familiares;
- doença...

E que percentagem em cada uma...?

Um professor que não deu faltas nos últimos anos

PS1 - O post anterior sobre Educação fala de acumulações - pode responder às questões...?

PS2 - Pode corrigir a post antigo sobre a idade da Reforma dos Professores do 1º Ciclo...?

Anónimo disse...

Os gajos têm direito a dois artigos quartos por mês. Direitos adquiridos!

Anónimo disse...

Esta gente é que tem destruído a imagem do ensino público.

Anónimo disse...

Calaceiros.

Miguel Abrantes disse...

Caro Fernando Martins:


V. pode não acreditar, mas é um prazer saber que continua a ler o CC. O seu sentido crítico faz-nos falta, ainda que possamos estar em desacordo. Não percebo, por exemplo, por que fez suas as dores dos magistrados.

Peço-lhe no entanto um favor. Evite engrossar a floresta dos anónimos. É bom, até para quem esteja em desacordo com o CC, ter uma referência que ajude a formar o seu próprio juízo. È por isso eu lhe solicito que assine os seus comentários, seja com o seu próprio nome, seja com um qualquer pseudónimo (mantendo-o depois). Eu reconheço-o no que escreve, porque as impressões digitais estão à vista. Mas não sei se acontece o mesmo com os outros leitores.

Um abraço,

Miguel

Anónimo disse...

Ainda bem que rsspondes às perguntas... e adivinhas quem as faz...

É um Dom de nascença ou compraste nalguma loja...?

Anónimo disse...

Ai ai, que professor Paulo Sucena precisa de ir aprender matemática... para as aulas de substituição!

Anónimo disse...

PS1 - O post anterior sobre Educação fala de acumulações - pode responder às questões...?

PS2 - Pode corrigir a post antigo sobre a idade da Reforma dos Professores do 1º Ciclo...?

PS3 - Eu não sou o Fernando Martins - e tu és o Miguel Abrantes...?

Anónimo disse...

Se algum dia tiver um problema de identidade já sei quem me pode ajudar.
Preocupante, não acham ?

Anónimo disse...

Não se preocupe que aqui não há problemas de identidade, há somente o manto diáfano do anonimato.

Um professor que passe o ano de baixa, por, por exemplo, estar com uma doença oncológica, também conta para a estatística...?

E a estatística separa os professores com vínculo à função pública dos outros...?

Anónimo disse...

Ó Miguel, a palavra "È" não existe...mas É uma pena...

Anónimo disse...

Os "artigos quartos" mudaram de nome (artigos 102) e passaram a 12 por ano, com um máximo de 2 por mês...

Anónimo disse...

Abem da verdade e de (alguma) decência:
"A informação divulgada hoje publicamente pelo Ministério da Educação, de que no ano lectivo 2004/2005 teriam ficado por dar entre 7,5 e 9 milhões de aulas corresponde a uma tentativa da equipa ministerial de continuar a degradar publicamente a imagem dos professores e educadores, retaliando, hoje, pelo facto de terem feito uma grande Greve.

Este procedimento do ME enquadra-se na campanha de ataque aos professores que vem desenvolvendo desde que tomou posse. Só que desta vez foram ultrapassados todos os limites: o Ministério da Educação recorre a um estudo que ainda não terminou, avança números por estimativa, e não indica os motivos pelos quais em 2004/2005 ficaram tantas aulas por dar.

Se houvesse seriedade e honestidade na divulgação da notícia, teriam de ser acrescentados os motivos de não terem sido dadas as aulas. Só que assim concluir-se-ia que em 2004/2005, muitos milhões de aulas que ficaram por dar foram consequência dos milhares de professores por colocar durante todo o primeiro período devido às trapalhadas que marcaram o concurso e a colocação de docentes nesse ano. Concluir-se-ia, ainda, que milhões de aulas que ficaram por dar foram consequência da burocracia ministerial que para colocar um professor em substituição de outro chega a demorar três semanas, colocando, por vezes o substituto quando o titular já está para se apresentar.

Estudos anteriores provam que, apesar das más condições em que trabalham nas escolas e de estarem colocados em localidades muito distantes da sua residência familiar, a taxa de absentismo docente se situa entre os 4 e os 5%. Ou seja, mais de 95% do trabalho que é atribuído aos professores e educadores portugueses é cumprido por estes colocando-os num dos lugares de topo dos grupos profissionais mais cumpridores.

A divulgação destes dados pelo Ministério da Educação, precisamente no dia em que os professores assumem de forma inequívoca o seu protesto contra as políticas do Governo e as medidas do Ministério da Educação, prova que esta equipa ministerial não olha a meios para denegrir a imagem social dos professores e educadores portugueses. Também por esse motivo a Greve teve a expressão que teve e os professores, neste dia de luta, promoveram esta grande Manifestação e prometem que a luta continua."