terça-feira, novembro 01, 2005

Sugestão de leitura

De um artigo de opinião no Diário de Notícias, subscrito por Rodrigo de Sousa e Castro, reproduz-se o seguinte extracto:

    "Há dias, um grupo de sindicatos, representantes dos trabalhadores de um dos mais ineficazes e dispendiosos sectores da administração pública portuguesa, concertou-se para paralisar os tribunais em reacção à retirada de "direitos" que não são comuns ao funcionalismo público e aos restantes cidadãos. Esta acção, coligada com outras, envolvendo inclusive associações profissionais das Forças Armadas e forças de segurança, ultrapassou sempre os meros contextos reivindicativos de classe para atingir o carácter burlesco protagonizado pelo chefe do sindicato da Polícia. Em qualquer caso, cada um dos grevistas sabe, no seu íntimo, visto a informação estar hoje tremendamente globalizada, que a situação do País é muito grave, que é imperiosa a sua inversão e que a administração pública se constitui frequentemente e em muitos sectores num perverso travão ao desenvolvimento e à libertação das energias da sociedade, obstaculizando o seu progresso geral e consumindo os seus escassos recursos. O que explica então a irracionalidade destas acções colectivas? Apenas uma coisa total ausência de cidadania e completa irresponsabílidade cívica.

    Os membros da administração pública, particularmente os mais privilegiados, nos quais me incluo, já não estão hoje confrontados com a responsabilidade social, que deviam ter tido, de abdicarem de um pouco para que os dois milhões de pobres portugueses e os vários milhões vivendo muito abaixo da média nacional pudessem, após 30 anos de persistentes expectativas, viver um bocadinho melhor."

23 comentários :

Anónimo disse...

Este artigo diz é o óbvio. Os magistrados continuam a olhar para a barriguinha, cegos, surdos e só não estão mudos ao que os rodeia. Mas a vida continua.

Anónimo disse...

o ódio é uma coisa terrível - os gajos fizeram muito mal, miguel...?

Anónimo disse...

É verdade, o ódio que os juizes e magistrados têm ao povo sem direitos adquiridos é terrível.

Anónimo disse...

Bela posta.
O DN tirando o labrador (cão) do Luis Delgado tem feito um belo trabalho sobre esta inutilidade, com espírito de cagança, que são os magistrados (que belo nome).

Anónimo disse...

DN - Sousa e Castro:
Fosse o primeiro parágrafo dedicado ao nosso país e poderíamos ali ter lido:
«os Ministros e Autarcas, os conselhos de administração das Empresas Públicas e Banco de Portugal», decidiram concertar uma redução nos rendimentos provenientes do desempenho dos seus cargos até ao final desta legislatura. Nas Autarquias, cessam as acumulações de cargos, libertando as empresas municipais para o mercado de emprego.
O desemprego galopante agradecia, a moral pública também, a pobreza que lamentamos, talvez pudesse vir a ter um pouco mais de esperança.
Nalgumas sociedades modernas e na portuguesa em particular, haverá sempre uma solução para os deserdados da fortuna, mesmo que licenciados. A emigração de sempre.
Neste mesmo dia e sem que qualquer novidade do mercado o impusesse, o DN anuncia uma boa nova para tantos portugueses. Por antecipação (economia pura?), o banco do Estado (CGD), aumenta os custos das prestações de habitação. O Estado social português na sua plenitude. Como na banca e nas petrolíferas, a bem do mercado (de alguns).

Anónimo disse...

Os júizes, o MP, O SMMMP, ASJP devem perceber que o mundo mudou, e que não tinha de lhes pedir autorização ou desculpas. São manifestamente privilegiados. Não pensão na justiça, no direito, no País. Interessa-lhes apenas o subsídio de residência que não paga impostos, ou a consulta à borla (quase) nos hospitais privados topo de gama.

Anónimo disse...

Não lhes batam mais. Basta olhar para a miséria dos comentários do dirigentes sindicais da corporação dos juízes. Palavras para quê ? Continuem assim que vão longe, Senhores Magistrados.

Anónimo disse...

Eu acho que os magistrados devem ter todos os direitos se a sua prestação assim o justificar. Pelo estado da nossa justiça e o funcionamento dos tribunais não parece que justifiquem muito. Pelas atitudes que têm assumido não parece que justifiquem nada.

Anónimo disse...

Miguel, volta aí a remeter para queles quadros que demonstram que somos dos países que mais gastam com a justiça e que mais magistrados têm e que mais ganham. Dos resultados e das demoras dos processos todos nós cá conhecemos.

Anónimo disse...

Este artigo só demonstra o populismo e a critica facil do autor.
Tudo na AP é mau, ineficaz e dispendioso ...
Alguém já ligou para o apoio a cliente de uma PT, TV Cabo, etc ?
Então, percebe o q digo ...

Anónimo disse...

Realmente é verdade, falar mais da justiça em Portugal, o cidadão comum tem a consciencia que não funciona.

Quando a PGR, tem ao seu serviço, traficancia de favores e por outro, quando as faltas de instalação e de condições e depois falam dos cabos dos elevadores do palacio de Justiça.

Estamos conversados.

Anónimo disse...

Francisco Sarsfield Cabral
Director de Informação da Rádio Renascença e colunista do jornal Diário de Notícias. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa. Comentador de assuntos económicos e de integração europeia, com colaborações regulares na RTP, TVI, Expresso, Diário de Notícias, A Luta, Primeiro de Janeiro, Semanário, A Tarde, Jornal da Tarde, Público, Fortuna. Foi jornalista do Diário Popular, do semanário O Jornal, da Rádio Renascença e da RTP, onde foi sub-director para a Informação. Desempenhou ainda o cargo de director do jornal Público. Foi igualmente adjunto do Ministro dos Negócios Estrangeiros, assessor do Primeiro-Ministro e director do Gabinete em Portugal da Comissão Europeia.
António Barreto
Investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Professor convidado da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa. Licenciado e doutorado em Sociologia pela Universidade de Genebra. É colaborador permanente do jornal Público. Foi director da revista Análise Social e da Imprensa de Ciências Sociais; membro da Comissão Instaladora da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e ainda deputado à Assembleia Constituinte, Secretário de Estado do Comércio Externo, Ministro do Comércio e Turismo, Ministro da Agricultura e Pescas e Deputado à Assembleia da República. Publicou, entre outros, Douro, 1993, Tempo de Mudança, 1996, Sem emenda, 1996, Justiça em crise? Crises da Justiça, 2000, Situação Social em Portugal, 2000, Tempo de Incerteza, 2002 e Novos Retratos do Meu País, 2003.
José Manuel Fernandes
Director do diário "PÚBLICO". Jornalista desde 1976. Frequência do curso de Biologia, na Faculdade de Ciências de Lisboa. Jornalista do semanário "EXPRESSO" entre 1980 e 1989. Fundador e subdirector do jornal "PÚBLICO" desde Maio de 1989.Director-Adjunto do jornal PÚBLICO entre Outubro de 1996 e Setembro de 1997. Nomeado Director Editorial e Administrador em Setembro de 1998. Fundador e membro da direcção do Observatório da Imprensa. Membro do “board” do Fórum Mundial de Directores. Membro da equipa de coordenação, dirigida por Carlos Pimenta, que escreveu o livro "A Aposta no Homem". Autor de três livros sobre temas de defesa do património natural e cultural: "O Homem e o Mar", 1998; "Rios de Portugal", 1990; e "Serras de Portugal", 1994 e da colectânea de textos sobre a crise internacional pós-11 de Setembro "Ninguém é neutro", 2003. Prémio Gazeta de jornalismo ambiental em 1994. Grande Prémio do Clube Português de Imprensa em 1998. Professor convidado da Esc. Sup. Comunicação Social de Lisboa (desde 1997) e na Universidade Católica (desde 2002).
Miguel Sousa Tavares
Colunista do jornal Público, colaborador do jornal A Bola, antigo advogado e comentarista da TVI, fala e escreve sobre tudo: política, literatura, desporto e outros. Escreveu alguns livros: Sobre Viagens (Sul – Viagens), crónicas (Anos Perdidos), ficção (Não Te Deixarei Morrer, David Crockett), romance (Equador)...

Todos estes profissionais da comunicação pública, cujas biografias sairam daqui, têm em comum, o costume de se pronunciarem sobre todos os assuntos que vêm à rede da sua atenção. A Justiça é um deles. Como é a Europa. Ou a Educação. Sabem sempre qualquer coisa de tudo isso, como qualquer josé que se atreve diletantemente a escrever em lojas. Mas enquanto um qualquer José não tem pretensão a ser ouvido para além do próprio limite do écran do computador, esses notáveis da opinião, marcam agendas, às vezes.

E as pessoas que os lêem costumam dar-lhes algum crédito por escreverem em jornais e por merecerem uma imagem que foram construindo ao longo dos anos. Têm, se assim se pode dizer, um mercado, nas ideias gerais, ao qual vão buscar rendimentos e fazer carreiras.

Normalmente, o tom das opiniões que expendem sobre assuntos de Justiça é o do bota-abaixo: não presta! Está sempre atrasada! Não tem dignidade! É uma vergonha e uma calamidade públicas, são alguns dos mimos com que esses profissionais brindam o sector. Os profissionais do sector, apelidados agora de “operadores judiciários” ficam perplexos, ao repararem que lhes são dirigidos como mísseis de ignomínia, os epítetos que eles próprios poderiam - e muito bem,- também dirigir ao monstro sagrado!

Deste equívoco alimentado por esses opinionistas habituais que dos tribunais sabem o que vêem, lêem ou perscrutam com a inteligência que têm, vai sendo moldado o perfil da opinião pública geral. De nada adianta que os profissionais mostrem as subtilezas do sistema processual que obriga a que se vá por caminhos que muitas vezes só conduzem a atrasos e a mais perplexidades pela complexidade das interpretações possíveis das leis. De nada adianta que esses profissionais se lamentem vezes sem conta das condições de trabalho, com melhorias atrasadas mais anos do que os próprios processos . De pouco ou nada adianta que os mesmos profissionais, anos a fio, denunciem este deletério estado de coisas e mostrem a quem quiser ver, ler ou ouvir, que o sistema não funciona bem por causas várias relacionadas com modelos errados de organização e com leis que complicam em vez de simplificar.

Esta redundância de motivos denunciados, caiem sempre em saco roto, perante os argumentos autorizados daqueles opinionistas que só percebem os efeitos e apontam as causas a olho e com mira técnica assestada às aparências, escapando-lhes sempre a essência das questões. Por muito que os profissionais falem, escrevam, digam ou repitam , o esforço é inglório.

Haverá sempre demagogos a aproveitar as ideias que gratuitamente lhes são entregues por aqueles reputados cronistas da nossa indigência intelectual. Porém...

os únicos argumentos que podem esgrimir contra os "operadores judiciários" são apenas dois... Questionar a competência técnica, profissional dos mesmos e a adequação à profissão que exercem, segundo os respectivos estatutos.

Tudo o resto transcende os "operadores judiciários". Mas para isso, os opinionistas teriam que perceber do que estão a falar, pois as aparências iludem, como todos sabem.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Viva o INter ( o Miguel é do Porto ).

Anónimo disse...

É claro que é sempre fácil falar mal. Normalmente é o Governo a vítima. Os próprios representantes dos sindicatos cairam na tentação de fazer um ataque genérico, fácil, habitual e populista aos políticos (Cluni e Coelho). Mas toda a gente percebeu que o que estava em causa era a defesa de privilégios que não estão acessíveis ao comum dos portugueses. Foi isso que os perdeu.

Anónimo disse...

Todos os poderes são controlados, menos o nosso poder judicial.

Anónimo disse...

Tens razão, anónimo das 11. Estes privilégios que não estão acessíveis ao cidadão comum não dizem necessariamente respeito aos mais altos salários, a um sistema desaúde luxo ou ao subsídio de renda de casa. Dizem sobretudo respeito ao estarem isentos de derramas, não pagarem juros sobre o subsídio de renda como os outros, serem órgãos de soberania para o que convém e subordinados para o que não convém, fazerem greve e não descontarem. Diz sobretudo respeito a terem o poder último de se julgarem a si próprios quer no que tange aos seus direitos, quer no que respeita à avaliação do seu serviço.

Anónimo disse...

Esta casta considera-se intocável.
Primeiro aqui del rei que se alteravam as férias judiciais. Razão: já trabalhavam nas férias judiciais - se assim é não se percebe a afronta nem o escândalo.
Depois, foi o sistema de saúde. Que não, que era pago por eles, patati patatá... - se assim é não se percebe a afronta, é uma questão de se organizarem e darem uma tarefa útil ao sindicato.

Anónimo disse...

Já repararam que o único poder verdadeiramente absoluto é o poder judicial? Julgam-se a eles próprios e são vitalícios.

Anónimo disse...

Olha a independência.

Anónimo disse...

Sr. Abrantes,

Tenho 53 anos, sou funcionário público e tenho honra nisso. Sei que nem sempre somos benvistos, mas também sei que meia duzia de mandriões podem criar má impressão.
Sempre fui muito respeitador dos srs juizes, mas nunca precisei de ir aos tribunais.
Sei que pais está mal e todos devemos dar um contributo. Percebo que os srs juizes não queiram perder direitos, mas isso de não pagarem impostos sobre o subsídio da habitação e de fazerem greve e não descontarem nunca vi. Não está certo. É claro que não somos todos iguais, mas isso também tem as suas limitações.
Obrigado por nos alertar que estas coisas ainda se passam no Portugal de Abril.

Anónimo disse...

Uma vergonha. Não pagam, nãotrabalham e ainda recebem em greve. Saudades das lutas dos trabalhadores da Lisnave.

João Carlos Mendes da Silva disse...

A situação do país é grave?
Peçam contas aos políticos, os verdadeiros e únicos responsáveis por ela.
Poupem nos acessores, nos jobs for de boys, nas empreitadas públicas bué de inflacionadas, nos contratos públicos decadentes.