Elísio Brandão, professor na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, teve “o privilégio de assistir a duas conferências proferidas pelo juiz-conselheiro Noronha do Nascimento”. Tanto bastou para que pudesse “constatar a sua superior competência” e, mais importante ainda, “a sua humildade, imparcialidade, isenção, independência, honestidade, seriedade, objectividade, capacidade de persistência e de resistência aos lobbies dos mais poderosos, por mais poderosos que sejam, se forem injustos os interesses que defendem, e de impor a si próprio elevados padrões éticos.”
Não admira, por isso, que Elísio Brandão se tivesse lembrado subitamente de Noronha do Nascimento quando o país anda sofregamente à procura de alguém para a presidência do Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Mesmo sem Noronha do Nascimento ter anunciado a sua candidatura, o professor do Porto mostra — em artigo no Público* de hoje — como se lança desprendidamente uma vaga de fundo:
‘(...) como simples cidadão, sem voto na matéria, penso que Portugal ganha se o juiz-conselheiro Noronha do Nascimento estiver disponível e for eleito presidente do Supremo Tribunal de Justiça, pela sua conduta de “homem” e pelas provas dadas no exercício das funções de magistrado ao serviço de Portugal e dos portugueses.” [As aspas são da exclusiva responsabilidade do deslumbrado professor do Porto]
Ora Noronha do Nascimento, que já foi vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura, é o principal visado na entrevista dada pelo Juiz Conselheiro Fernando Pinto Monteiro ao Público (de 6 de Agosto):
“Uma das funções que o Conselho Superior da Magistratura (CSM) tem é a graduação dos juízes que ascendem a conselheiros do STJ. Como é que eles chegam ao Supremo? Através de um concurso, de trabalhos que são apreciados pelos membros do CSM. Entre esses membros há um juiz eleito para presidente que, obviamente, se faz parte de uma lista de sete, tem de ter um certo controlo sobre eles. Não passa pela cabeça de ninguém que não sejam da sua confiança. Esse homem é um homem-chave na graduação, toda a gente sabe isso. Ninguém o diz, mas toda a gente sabe isso (…)”
O Juiz Conselheiro Pinto Monteiro acrescenta:
“(…) O vice-presidente do CSM é uma das figuras-chave na escolha dos conselheiros. Esse homem nunca devia poder concorrer ao Supremo, porque a verdade é que quem o vai eleger são as pessoas que ele graduou.”
E depois de considerar que a eleição do presidente do STJ se processa de acordo com “um sistema viciado”, o Juiz Conselheiro Pinto Monteiro remata:
“(…) a forma como é feito este acesso [ao STJ] suscita dúvidas e interrogações. É uma eleição que tem todo o aspecto de poder ser viciada. Se o é ou não, não sei… Mas é evidente que, se há alguém que tem um papel-chave na admissão de A ou de B a uma determinada empresa, quando têm de votar, votam em quem os admitiu.”
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* O Público entendeu que um professor de Finanças — que assistiu a duas conferências de Noronha do Nascimento — é a pessoa mais habilitada para discorrer sobre a eleição do presidente do STJ?
33 comentários :
e eu ainda gostava de saber quem é você para discorrer sobre estes assuntos todos com laivos de justiceiro. Ao menos ele dá a cara e assina, não se oculta atrás de um pseudónimo informático.
por outro lado, para quando um post sobre a Ordem dos Advogados? para quando um post sobre a sucessão quase dinástica que lá sucede? para quando um post sobre o controlo que as grandes sociedades exercem sobre ela e que afogam os pequenos advogados a iniciar a profissão, ao regulamentar de tal forma o acesso ao mercado que apenas sobrevive quem lá está instalado?
acho que tem muita razão em algumas coisas que diz aqui. não sou juiz nem estou comprometido com o aparelho de Justiça. todavia, enerva o seu silêncio sobre uma das maiores corporações do país - a Ordem dos Advogados - e a facciosidade dos seus posts.
Miguelita : Constato que estás a precisar de férias. Bom ano para ti também. Espero que aguentes que isto para ti não vai ser fácil. Nunca te esqueças dos "comprimidos" amarelos...
"Lobby do Norte - Já rola"
Bem visto!
Esse artigo no Público (encomendado pelo Noronha do Nascimento)já deu direito a um almocito ao Elísio Brandão.
Noronha é o bastião do faz de conta na magistratura. É o verdadeiro chefe da corporação. Teve a escola do PCP.
Miguelito estás a descobrir-lhes a careca ....
É como diz, infelizmente.
Porque é que os juizes não discutem uma questão séria como esta com elevação?
Esta questão é verdadeiramente importante. Explore-a bem, mas com exigência, que vai longe.
Mais uma vez tenta atacar os juízes,quando não se ganha na barra do tribunal, vamos para a net atacar o sistema, alguns socialistas ( para pena minha pois também o sou)stão a mais neste partido!
Porém neste caso é ainda pior pois este "Miguel" não passa de um empregado de uma empresa de assessoria de imagem...
Coitado mais um infeliz que tenta ganhar a vida, pode ser que alguém se lembre de si e o chame para um gabinete, a sua carreira de lambebotas vai estourar!
Anónimo das 11,27,
Não vejo atacar os juízes como tal, vejo sim denunciar certos corporativismos que paralisam o nosso país tornando-o eternamente adiado.
Bom, se se reocrda ainda quizeram que José Mourinho se tornasse um comentador generalista na SIC. O bom foi que compreedeu depressa que devia seguir o velho ditado de quem manda a ti sapateiro tocar rabecão.
Serve para dizer que até no melhor Píblico cai a nódoa e neste país a cátedra pareçe que "ilumina" divinamente qualquer um imbecil para comentar de tudo.
Mas sobre isso já voçê denuncia há algum tempo
Cumprimentos
Eu bem sei que o caro Miguel só escreve sobre aquilo que lhe der na "real gana", mas permita um pequeno desabafo deste seu leitor assíduo.
O seu silêncio sobre o que se passa na OA, sobre esta tentativa de asfixia dum Bastonário excelso, esta tentativa de estrangular o mercado e aniquilar concorrência, operada ppr algumas das grandes Sociedades de Advogados lisboetes é realmente comprometedor.
Cheers;
A Total Stranger One Black Day
Ò Miguel, venha quem venha, são feitos da minha farinha, embalados na mesma saca e vendidos numa qualquer superficie, a quem compre uma saca leva 2 e ainda... com direito a desconto nas bombas da GALP.
Quanto á distribuição dos farmacos, a qual ninguem respondeu,excepto a minha pessoa, vê-se bem o conformismo de gente bem instalada na vida, cujas preocupações são as benesses que o dinheiro publico, não é pagar, mas sim fornecer, meter-lhes na aljabra as ditas compensações.
Portanto, Caro Miguel, o que expões são cagalhotos de um País que ~só não abre falencia, porque entretanto ja se vendeu 400 toneladas das 900t da pesada herança.
STJ, o que é isso? é mais um sindicato a instalar-se.
Que justiça? ainda há dias um criminoso foi solto porque tinha atingido a prisão preventiva, ao que dizemo Juíz tinha mais 70 processos para julgar. e o apito dourado que nos envergonha? e tantos apitos que andam por aí.
A distribuição dos farmacos. Não basta entregar á Cotafarmacos meia duzia de comprimidos, é colocar as farmacias a serem geridas por instituições publicas, cujos lucros, que são muitos, ao serviço da população mais carenciada em varios dominios.
E o LM é para vender ao desbarato como foi o palacio de Justiça em Cascais, isto foi dado. QUE GANDA NEGOCIO. se eu soubesse que estava á venda, eu tinha comprado por aquele preço, mesmo que só tivesse 5€.
Que ganda negocio
Caro anónimo de Qua Ago 16, 05:26:20 PM
Concordo consigo, principalmente na asfixia que as grandes sociedades lisboetas estão a realizar no mercado.
Todavia, discordo quando diz que o Júdice foi um Bastonário "Excelso"...ele é que foi o grande motor desta asfixia, com o novo Estatuto da OA, a reforma do regime de acesso à profissão e a lei sobre as Sociedades de Advogados. O Júdice é mais um que pertence à panelinha e que foi oportunamente afastado pela sede de poder dos demais.
Caro Adriano Volframista:
"pareçe"? "voçê"? Volte para a Escola!!!
O "lobby" do Norte?... O último de que ouvi falar era o da Pedofilia: puseram-lhe um tal abafador em cima que nunca mais se ouviu falar da coisa.
Um kiss, daqui, para Fafe e Famalicão.
Caro anónimo de Qua, 16, 17:52:50;
O Bastonário a que me referia no post anterior é o actual e não o senhor Júdice...
Cheers;
A Total Stranger One Black Day.
O meu post anterior, como é óbvio, tinha como destinatário o anónimo das 05:26:20 e não o ali referido.
Usem um nick por Zeus!
Cheers;
A Total Stranger One Black Day
Miguel, a sua denúncia da acçáo perniciosa das corporações é meritória. Não desfaleça. Mas abra-se a outras corporaçóes como os advogados.
Isso, Miguelita, abre ainda mais essa garganta ao pissalho do PS
Qui Ago 17, 02:50:07 PM
Os energúmenos estão a regressar de férias. Vai recomeçar a festa. Atacar o mensageiro para não falar da mensagem. Até me arrepio de ver esta gente a andar pelos tribunais.
O Presidente do STJ não pode continuar a ser um pau mandado dos juizes. O último começou por dizer quando foi eleito que os juizes precisavam de trabalhar muito mais e acabou a defendê-los como um activista sindical.
Foi ele que disse que havia muitos juizes calaceiros e no fim pressionado já só dizia que era tudo gente muito trabalhadeira.
Era o dois em um
1 Para estar sossegado
2 Depois de almoço é o que quiserem
Arregaça as mangas e...aí vai
Há uns magistrados que escrevem comentários com uma filosofia muito própria.
É o que se poderia designar por saber de experiência feito.
Defender a Justiça não é sinonimo de defender os Juizes. O futuro presidente do STJ vai ter que escolher.
Daqui Fafe, stop, recebi o kiss na cabeça da pissa, stop, aguardo a chupadela, stop
Francamente.
Miguel:
Não ponhas a censura a funcionar e vais ver até estes alarves vão .....
até onde estes alarves vão .....
O Sr Conselheiro P. Monteiro é uma pessoa séria e conhecedora da realidade judiciária, pelo que vai ser cilindrado. Eles querem é regabofe como até agora.
Esta vai ser uma grande prova de fogo. E a prova de que as corporações não se reformam por dentro.
O modo como decorre a eleição do presidente do STJ é mais um testemunho da falência da justiça.
Noronha do Nascimento é ou seria a cereja em cima do bolo, e um retrato das classes profissionais da justiça.
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