"Por muito livre que uma sociedade seja, o partido político é a única máquina de assalto ao poder que dispõe de um alvará redentor para o efeito. Ele foi concebido para isso, existe para isso e, por muito que o possamos lamentar, as mais das vezes esgota-se nisso. Não vem daí grande mal ao mundo. Porque a máquina não elimina - pelo menos necessária e desejavelmente - os cidadãos que a constituem e movimentam. E, por isso, o partido que está no poder realizou o seu escopo e a sua vocação, mais lhe não indo a carácter senão apoiar o Governo que ele próprio segregou.
É, por isso, sempre um tanto bizarro ver o discurso crítico da oposição cair na tentação de transferir para os militantes do partido do poder - para a sua consciência, para o seu apego aos valores programáticos (que ela detesta e combate) e para vários outros adereços da personalidade - as responsabilidades da luta política que só a ela compete travar. Esquecendo que, ao contrário do mero eleitor, o militante de qualquer partido tende a preferir as insatisfações que sempre existem na vitória às pequenas alegrias que normalmente também vicejam na derrota. Pelo que esse discurso oposicionista faz sempre lembrar aqueles aviões que encharcam o território inimigo com panfletos subversivos: não levam um povo beligerante a derrubar o seu Governo e não dispensam, no terreno, a vitória militar."
domingo, novembro 12, 2006
Outra sugestão de leitura
O artigo desta semana de Nuno Brederode Santos intitula-se Panfletos caídos do céu. Eis um extracto:
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