“O fundamento de tal tese consiste no truísmo de que não pode reformar-se a justiça sem os magistrados, a educação sem os professores, etc. A essa afirmação pode, no entanto, contrapor-se uma outra: a de que, se esses e outros agentes não tiverem incentivos para melhorar o seu desempenho e tiverem, pelo contrário, o maior interesse em manter um poder negocial assente num sistema opaco, complexo, ineficiente e iníquo, nunca conseguirão realizar-se com êxito as reformas estruturais – na educação, na saúde, na segurança social, no mercado do trabalho, na administração pública, no financiamento local, etc. – indispensáveis ao progresso do país. Não é, de facto, possível ignorar que os sucessivos aumentos dos gastos em educação ou as regras que regem a função pública ou o financiamento local não criaram uma população com os níveis de educação exigidos por uma sociedade moderna, nem uma administração pública independente e tecnicamente competente, assim como não evitaram a desertificação do interior. Por isso, defender que as reformas nessas áreas pressupõem que, à partida, tenham de distribuir-se benefícios adicionais aos seus agentes directos apenas revela incompreensão da situação ou puro oportunismo político.”
1 comentário :
Completamente de acordo. Esta senhora tem um pensamento muito lucido e os seus pontos de vista estão actuais com a realidade nacional. Pra frente com as reformas.
ribeiro
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