domingo, junho 17, 2007

Momentos de humor

Com a prestimosa colaboração de terceiros, dou hoje início à rubrica “Momentos de humor”.

O primeiro classificado do dia é o José. Aqui vai a justificação da escolha sem comentários adicionais:

    “Souto Moura, repare bem e tome nota do que digo, foi o melhor procurador geral da democracia que vivemos há trinta anos.”

O segundo momento de humor, que só não obtém o primeiro prémio porque competir com o José não é fácil, esteve a cargo do professor/comentador Marcelo. Eis as classificações que hoje atribuiu (se não me falha a memória):

    • Augusto Mateus, 18 valores;
    • Cavaco Silva, 17 valores;
    • Marques Mendes, 16 valores;
    • Sócrates, 14 valores;
    • Mário Lino, 9 valores.

Para quem não cultive este tipo de humor, devo recordar que Marcelo está certo de que o estudo foi encomendado “a um qualquer LNEC” para fazer que faz e que ele acha que é garantido que o aeroporto será mesmo na Ota.

Portanto, o grande mérito de Cavaco Silva e Marques Mendes, como as classificações que lhes atribui põem em relevo, terá sido, para o indomável professor/comentador, terem sido enganados por Sócrates.

7 comentários :

Anónimo disse...

Mesmo para um anónimo cidadão se torna claro o que faz com que o PS queira fazer o aeroporto na OTA!
E você sabe-o também!
Por isso, se tiver coragem, vamos tornar claros os motivos que levam o PS a andar aos ziguezagues para daqui a 6 meses tornar irreversível, contra a maioria do povo, a sua decisão de fazer na OTA o aeroporto!
Marcelo tem razão no que diz e é por o dizer que faz com que alguns seguidores do PS fiquem nervosos!

josé disse...

Meu caro:

Então decidiu transformar o Câmara Corporativa em salão de chat? Tábem…vamos lá ao cafezinho da manhã, então. Com um bolinho de noz moscada, para acompanhar…

Desilude-me, meu caro Abrantes. O momento de humor que cita, de facto, não é para todos rirem. Quem vai rindo, no entretanto, são os seus amigalhaços da religião laica. Os senhores Rodrigues e as senhoras Catarinas, porque levaram a água ao moinho e ainda trouxeram a maquia de volta, devem estar a rir-se do constipado.
Mas há risos que não duram muito tempo, e quem ri melhor, é mesmo quem ri no fim.

O que Souto Moura trouxe de novo à PGR foi algo que nunca lá tinha havido: a inocência do respeito pela lei e pela igualdade de todos perante a mesma.
Os senhores Rodrigues e outras Catarinas sabem muito bem que assim foi e o momento de humor que atravessam é efémero, assim a Verdade seja como o azeite que vem sempre ao de cima.

Nessa altura, V. Abrantes vai ficar caladinho como sempre faz quando isso acontece. Por causa da má consciência, se é que ainda tem disso.

josé disse...

Substituo o "nunca lá tinha havido" por um pastel de nata, mais suave e delicodoce:

"Por vezes lá não havia". É um sabor mais justo e adequado, porque me lembro das partes finais dos mandatos. E a reticência advém de certos casos que se tivessem sido explorados até às últimas consequências dos faxes e dos livros proibidos, as coisas não seriam como são hoje e certos indivíduos não andariam para aí a alardear democracia terceiro-mundista, com jeitos de quem já viu tudo.

Anónimo disse...

O Marcelo teve de dar mais força ao humor - afinal os Gatos agora estão de férias.

Anónimo disse...

Na peida, Abrantes

Anónimo disse...

O “CONSENSO TÉCNICO”: requisito prévio imprescindível nas decisões mais importantes?

Afirma o ilustre Eng.º Luís Leite Pinto, apenas mais um de entre os muitos Engenheiros portugueses que, recentemente, se tornaram fervorosos militantes “anti-OTA”, que para ele “nada há de mais patético do que um ignorante a falar de Engenharia!”.

Independentemente de se poder considerar pouco rigorosa (e facilmente rebatível), esta peremptória afirmação, digna aliás de um bom jornalista, pode-se contudo suavizá-la, por generalização, transformando-a em algo de mais comedido e consensual, tal como: “é muito lamentável e, por vezes até, patético ouvir um leigo argumentar furiosamente sobre algo de que nada percebe!”.

O meu Pai, na sua vigorosa e incontida expressividade alentejana, glosava por sua vez este tema usando uma outra frase, de sabor popular (e recorte literário bem mais interessante): “percebe tanto do que está a falar como eu percebo de lagares de azeite!” (o que até nem se pode considerar lá muito ofensivo, atendendo à proximidade que qualquer alentejano da sua geração acabava por ter com a aludida instalação fabril…)!

Vem tudo isto a respeito de um original conceito muito invocado, no momento presente, a propósito do Aeroporto da Ota (há quem prefira a designação, bem mais tecnocrática e iliterata, de “projecto OTA”, assim com três maiúsculas, como se de uma sigla se tratasse): o tão propalado “consenso técnico”! Que se afigura à primeira vista tanto mais importante quanto, neste momento, parece já irrealista vir a formar-se, algum dia, o desejável (e aparentemente fácil) consenso político a respeito deste assunto…

“Consenso técnico” seria então uma condição prévia a exigir para a implementação do novo Aeroporto de Lisboa, como porém não o foi para nenhuma outra obra portuguesa, pelo menos de magnitude comparável, até ao presente. Talvez porque nenhuma delas tenha tido tanta importância e projecção? No mínimo, discutível...

“Consenso técnico” é algo, aliás, que em Portugal nunca existiu sobre coisa nenhuma (nem em lugar algum do Mundo, que se saiba, talvez até porque seja uma exigência inatendível…)!

Não existiu para o “Complexo de Sines”, não se verificou para a Barragem de Alqueva (nem para a de Foz Côa…), nunca chegou a haver para a localização da Ponte Vasco da Gama, nem houve para o traçado das principais Auto-estradas, nem para a beneficiação da Linha do Norte, não existe ainda para a definição do prolongamento da rede do Metro lisboeta, a construção ou não de centrais nucleares, etc. etc., etc. (e por aí adiante)!…

“Consenso técnico”, todavia, será talvez uma condição obrigatória, a partir de agora, para todos os grandes investimentos nacionais, presumivelmente não só no campo da Engenharia!

Até porque esta nova exigência de “consenso técnico” não foi ideia de nenhum lunático, de nenhum tele-espectador (ou participante do “Fórum TSF”), de nenhum jornalista, de nenhum técnico, de nenhum líder político ou tribuno parlamentar, de nenhum Ministro. Esta genial descoberta do “consenso técnico” é obra de Sua Excelência o Senhor Presidente da República Portuguesa!

E é, de facto, uma criação política e intelectual maravilhosa! O “consenso técnico”, pelo menos nas questões mais relevantes, é mesmo uma coisa de que nenhum técnico jamais se lembraria!

Vejamos alguns bons exemplos: foi preciso construir o Centro Cultural de Belém, a Casa da Música, reconstruir o Chiado? Pois deveríamos ter aguardado por um “consenso técnico” entre os Arquitectos!

É preciso construir uma terceira travessia rodoviária sobre o Tejo, em Lisboa, entre Algés e a Trafaria? Apenas quando (e se) se verificar um “consenso técnico” entre os Engenheiros Civis (os de Estruturas, pelo menos)!

É necessário definir o traçado da Linha de Alta Velocidade junto a Lisboa e a localização da respectiva Ponte sobre o Tejo? Vamos aguardar, claro, pelo “consenso técnico” entre os Engenheiros de Transportes!

É urgente reduzir o “défice” das contas públicas? Pois exijam-se medidas que assegurem um “consenso técnico” entre os Economistas!

É preciso modificar o Código de Processo Penal, ou outro equivalente? Vamos esperar pelo “consenso técnico” entre todos os Juristas!

É imprescindível julgar os acusados dos processos Casa Pia, Apito Dourado, etc.? Vamos ter de aguardar primeiro por um “consenso técnico” entre todos os Juízes (inclusivé, preferentemente, os do Tribunal Constitucional…)!

É preciso decidir entre uma intervenção cirúrgica delicada, ou outro tipo de terapia, relativamente a qualquer um de nós ou familiar próximo, em caso de doença fatal (lamento, mas coisa mais importante não há, por mais que isso doa ao País): nada faremos enquanto não estiver assegurado o indispensável “consenso técnico” entre todos os Médicos!


Então e se tudo isto é tão razoável, como não exigir também um “consenso técnico” relativamente à construção do novo Aeroporto de Lisboa?


Vamos contudo esperar que este novo requisito do “consenso técnico” não se limite às grandes decisões nacionais, antes se estenda às médias, às pequenas e, porque não, a todas as deliberações da nossa Administração Pública, desde a aprovação de uma moradia (ou de uma simples “marquise”?!), até à avaliação dos alunos do 1º ano do Ensino Básico, passando pela estratégia de combate aos fogos florestais (ele há-de ser necessário o “consenso técnico” em todas as áreas de saber, do saber fazer, etc.)!

Para ficarmos plenamente convencidos de que as decisões, pelo menos as que dizem respeito aos nossos dinheiros comuns, são absolutamente inquestionáveis, não poderemos jamais dar-nos ao luxo de dispensar as virtudes desta sagaz invenção que foi o “consenso técnico”!

A qual possui, para além do mais, uma outra grande vantagem, ainda não adequadamente explicitada (talvez porque menos acessível aos espíritos mais alvoroçados…): passando a haver a necessidade de “consenso técnico” em tudo quanto for decisão pública (e quiçá privada, desde a SONAE ao Condomínio onde moro, passando pelo ACP e pela «Fundação Berardo»?…), deixará de ser necessária a verificação do cumprimento e mesmo a própria existência de Normas e Regulamentos Técnicos, que aliás tanto embaraçam os nossos decisores, muitos dos nossos investidores e os Cidadãos em geral!

Já alguém quantificou o tempo que será poupado ao País sem estas exigências mesquinhas?

Mas, afinal, em que Mundo teremos nós vivido até hoje? Como foi possível à Humanidade ter evoluído tanto sem esta descoberta de valor incalculável e que tanto promete ao nosso Futuro colectivo como é a do “consenso técnico”?...


Ant.º das Neves Castanho.

Anónimo disse...

Caro Eng.º Ant.º Castanho:

Um bom comentário - uma só objecção: deveria haver um consenso mínimo (político e técnico) quando se estar a decidir o futuro do país, economicamente, nos próximos 20 a 30 anos. Nenhuma das obras que citou estavam neste patamar. Ou é igual para si comprar um par de sapatos de 200 euros ou decidir investir 200.000 na aquisição de uma casa? Na minha família, quando a decisão é importante, mede-se em família os prós e contas e chega-se a acordo, nos casos em que toda a família é parte muito interessada e em que fica afectada financeiramente por muito tempo...

Ainda bem que não é o Eng.º que decide o local do Aeroporto "de Lisboa"...