domingo, outubro 21, 2007

As escutas e o poder feudal [1]




Como seria de esperar, as afirmações do procurador-geral da República sobre escutas provocaram grande alarido. Diz Pinto Monteiro que há exagero nas escutas. Não foi o primeiro nem será o último a dizê-lo — e o sentido do seu discurso é claro. Já antes, Júdice e Rogério Alves haviam dito, com conhecimento de causa, que as escutas deixaram de ser um meio excepcional para se transformarem no primeiro recurso na investigação criminal.

Para quem ache que as opiniões dos advogados são suspeitas, aconselha-se também a leitura de Moita Flores, que foi investigador da Polícia Judiciária, ou da Juíza Fátima Mata-Mouros, que coincidem nesta crítica às escutas.

Não vale a pena, portanto, tresler as declarações do procurador-geral da República e meter ao barulho as secretas e os ministros da Defesa e da Administração Interna, que nem sequer têm hoje em dia a sua tutela. As referências de Pinto Monteiro são sobre o recurso abusivo às escutas na investigação criminal e a possibilidade de ilegalidades nesse âmbito.

2 comentários :

Anónimo disse...

... JURO QUE NÃO FUI EU QUE DISSE ...


O que é que leva pessoas normalmente sensatas a incorrerem em incontinência verbal, ainda por cima quando exercem cargos em que ela é especialmente censurável?
Quando um Procurador-Geral da República declara publicamente suspeitar de que está sob escuta telefónica, de duas uma: ou há algum fundamento razoável para essa suspeita, e então deveria ter procedido ao apuramento da situação; ou não há, e então trata-se de uma declaração leviana e irresponsável, pelo alarme e insegurança que cria nos cidadãos comuns acerca de escutas ilegais.
Em qualquer caso, não deveria ter trazido essa questão para público. Tendo-o feito, deve ao País um imediato esclarecimento satisfatório, sob pena de abalar seriamente a contenção e a responsabilidade com que deve ser exercido o cargo que exerce.
[Publicado por Vital Moreira] [21.10.07] [Permanent Link]

Anónimo disse...

Mas alguém sabe quantas escutas existem e em que processos?
Nem o PGR sabe...
A continuar assim o melhor é acabar com as escutas, os inspectores da PJ iam adorar...
A propósito se alguém estiver interessado em ir á "torre"ajudar a fazer umas transcrições à mão, apareça, será benvindo.