Marcelo alça-se ao jet set internacional — dava conta, há uns anos, o Expresso, quando o comentador/professor se fez à estrada, aceitando um convite de uma camareira dos Grimaldi, que fora sua empregada doméstica, para que os filhos Nuno e Sofia passassem uns dias de férias na Côte d'Azur.
Nada mais errado. O que desperta a curiosidade de Marcelo não é o jet set, mas as peripécias com que são construídos os contos de fadas, como ele hoje revela no luminoso Sol: "Como sempre faço quando fico naquela zona [Champs Élysées], dei um pulo ao local onde morreu a princesa Diana. Hoje, tenho dela imagem muito diversa da de 1997. Mas há traços evocativos que não passam…"
Bruno Bettelheim, em Psicanálise dos Contos de Fadas (Lisboa, 1991, p. 295), já havia procurado deslindar a razão por que os contos de fadas, no caso a Bela Adormecida, provocam um tão grande encantamento nos adultos:
“Muitos príncipes tentam chegar até à Bela Adormecida antes de findo o tempo da sua maturação; todos esses pretendentes precoces perecem nos espinhos. Isto é um aviso (…) de que o despertar sexual antes de o espírito e o corpo estarem prontos para tal pode ser destrutivo. Mas quando, finalmente, a Bela Adormecida obtém (...) a maturidade (…), então aquilo que parecia impenetrável cede. O muro de espinhos transforma-se de repente num muro de flores grandes e belas, que se abrem para deixar entrar o príncipe. A mensagem é implicitamente a mesma que em muitos contos de fadas: não se preocupem e não tentem apressar as coisas — quando for a altura própria, o problema impossível resolve-se por si mesmo.”
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