A blogosfera num minuto

1. A maioria dos portugueses não conhece o rotavírus (nem os seus efeitos devastadores), ouvi na televisão. Fiquei incomodado por estar entre os ignorantes, mas o Eduardo Pitta traz hoje a explicação para este súbito interesse dos media pelo rotavírus: é o resultado de um inquérito encomendado pelo laboratório Sanofi Pasteur, que por acaso tem uma vacina a bater à porta do plano nacional de saúde (180 euros a dose).

2. Quando os media deixam de falar num assunto, é porque as coisas estão a correr bem. Parece que as aulas de substituição, que agitaram a comunidade docente há umas luas atrás, funcionam normalmente. É um pai muito escutado nesta casa quem o diz. Sejamos solidários com o professor de trabalhos manuais Mário Nogueira, que se vê sempre em palpos de aranha para abrir novas frentes de luta.

3. O João, que andou a doutorar-se nos States, surpreende-se com o “fatalismo funcional” das universidades portuguesas. O reitor da Universidade de Coimbra não sabe “as vantagens e inconvenientes” de transformar a universidade numa fundação. Espera que o Governo lhe faça o trabalho de casa.

4. Henrique Raposo propõe-se levar a cabo uma missão impossível — pôr os parceiros do blogue Atlântico a estudar:

“A malta devia ler esta prosa. Para ter contacto com a realidade, antes de começar a debitar ideologias. As ideias são porreiras, mas convém saber o texto”.

O (pre)texto é um trabalho de Pedro Lains [“Os Progressos do Atraso — Uma Nova História Económica de Portugal”, editado pelo Instituto de Ciências Sociais]. Como gato escaldado de água fria tem medo, não vá repetir-se a história do Tiago Mendes, ameniza a bofetada com Woodie Allen: “pois, os actores podem improvisar nos meus filmes, mas têm de saber o meu texto”.

5. André Azedo Alves não esconde aqui o seu encantamento com um post pateta e racista do Prof. Dr. Luciano Amaral de que li uma passagem ali:

"É verdade que os negros se encontram em média no fundo da tabela de quase todos os indicadores sociais americanos. No entanto, trata-se sobretudo de uma desgraça auto-infligida. As portas estão abertas a toda a gente nos EUA. Mas os negros americanos têm vivido o último meio século (basicamente desde o fim do Jim Crow) numa cultura de auto-guetização, de recusa do “sistema”, de racismo contra o “branco” (e mais recentemente o “asiático”). Se há hoje racismo em massa nos EUA é produzido pelos negros."

Fica uma dúvida que Azedo Alves talvez possa esclarecer (quando disser o que pensa de Jardim Gonçalves): há negros no Opus Dei?

PS — O Tomás Vasques chama a atenção para a possibilidade de Madame Ségolène ainda poder vir a transformar-se numa heroína do Portugal dos Pequeninos. Desde que o outro viu um porco a andar de bicicleta…