domingo, abril 20, 2008

Leituras

Tolentino de Nóbrega, correspondente do Público na Madeira, num comentário intitulado “A visita de Cavaco Silva à Madeira virtual”:
    «O Presidente da República deixa hoje a Madeira, depois de uma visita oficial a esta região autónoma envolta em polémicas.

    Desde o primeiro momento, como sempre fez, Alberto João Jardim, o governador e senhor da ilha, chamou a si o protagonismo da visita, antecipando-se a Belém na divulgação do programa a que mostrou não ser alheio.

    Nem precisava de fazê-lo. O formato seguido, completamente distinto dos roteiros empreendidos pelo Presidente da República pelo país profundo, fazia antever uma vista de glorificação da sua obra.

    Mais um tributo aos seus 30 anos de governação, acabados de completar, do que para assinalar os 500 anos, o motivo oficial da visita, que o Funchal irá celebrar no próximo dia 21 de Agosto. Para isso bastaria um dia, em vez de seis no arquipélago.

    Nesta primeira vista oficial, o Presidente da República deveria dirigir-se à Assembleia Legislativa da Madeira, o órgão primeiro da democracia e autonomia na região, e, como salientou nos Açores, "a morada do pluralismo", por excelência. Por seu turno, como órgão representativo do povo da Madeira e do Porto Santo, o Parlamento regional tinha obrigação de receber e saudar o Presidente de todos os portugueses. Como se não chegasse, ontem, Cavaco ainda agradeceu ao Presidente da Assembleia Legislativa a oportunidade que lhe concedeu de se dirigir aos parlamentares madeirenses num jantar no salão nobre da câmara onde proferiu a sua primeira intervenção política.

    Nessa qualidade, o Presidente da República não merecia ser envolvido na polémica com que Jardim armadilhou a visita, ao insultar e provocar a oposição como "bando de loucos", que Cavaco Silva aceitou receber, não na representação da República na região, o Palácio de São Lourenço, mas num hotel.

    Infelizmente, cenas que põem em causa a qualidade da democracia repetem-se numa região onde o Presidente disse não encontrar défice democrático. Porque, alegou, a haver, os seus antecessores teriam tomado medidas. Só que a complacência dos anteriores presidentes da República significam isso mesmo: violação e incumprimento de leis gerais da República, desrespeito por órgãos de soberania e por instituições do Estado, desconsideração pelas oposições e minorias que o poder regional ofende e a quem retira direitos fundamentais. Situações que o "sr. Silva" bem conhece e que o Presidente da República, como garante do funcionamento das instituições democráticas também na Madeira, não pode ignorar.

    Cavaco Silva optou por percorrer, a alta velocidade, a Madeira Nova de Jardim para apreciar obras megalómanas construídas pelas "tecnicamente falidas" sociedades de desenvolvimento que o Governo regional criou para ultrapassar os limites de endividamento. Por túneis, rotundas e vias rápidas, dificilmente poderia encontrar a outra Madeira, a dos atrasos económico-sociais. Onde vivem os madeirenses da exclusão social, do insucesso escolar, do elevado índice de abandono escolar e de analfabetismo, da toxicodependência, da criminalidade e da exploração sexual de menores.

    Uma realidade que, independentemente da obra que todos elogiam, põe em causa o modelo económico, social e político levado a cabo por Jardim na Madeira, região que enfrenta factores de bloqueio e esgotamentos muito fortes para os quais o Presidente da República deveria alertar. Uma realidade que, resultante de uma opção por Hardware e betão, em vez de software e aposta nos recursos humanos, pode significar um elevado desperdício de recursos públicos e má identificação de objectivos.

    Se não esteve na Madeira "como estrangeiro", como avisou à chegada, o chefe de Estado viu uma realidade virtual. O paraíso para inglês ver.»

5 comentários :

Anónimo disse...

A esse, todo o despreso ainda e pouco.

Desde que chamou que os jornalista do continente eram os bastardos. Mas alguns dele ate gostaram.

Nao mijo para as pernas de um cão.

Faz muito o sr. o 1. ministro, em nao passar uma pivea a um labrego desses

Anónimo disse...

Não me espantam os elogios de Cavaco a Alberto João. Nada mesmo. Ambos enquanto governantes preocuparam-se muito com o betão e MUITO pouco com as pessoas. Realmente a memória é mesmo, mas MESMO, MUITO curta...

Anónimo disse...

Também lá esteve no jantar de despedida co clone do Pinóquio, não esteve.
Foi dar o aval, também?

Anónimo disse...

Lá está a dupla de betão a mostrar fissuras outra vez.
Já não há quem faça betão como antigamente.
Será dos inginheiros, se calhar.

Anónimo disse...

E aqui tão perto o ZIMBABUÉ do atlantico.Só o ditador é de cor diferente, quando bebado é vermelho. Vermelho?...

Palavras para quê? Como diz e bem MST, que se vão o mais rapidamente e mamem na teta do jardim.