sábado, abril 12, 2008

The man who shot Karl Marx (ou o corte epistemológico de Louçã)




    “Diversas condições têm, porém, de ser preenchidas para que o possuidor de dinheiro se depare com a força de trabalho, como mercadoria, no mercado. A troca de mercadorias não inclui, em si e por si, quaisquer outras relações de dependência para além das que brotam da sua própria natureza. Neste pressuposto, a força de trabalho, como mercadoria, só pode aparecer no mercado na medida em que — e porque — é posta à venda ou vendida como mercadoria pelo seu próprio possuidor, a pessoa de quem ela é força de trabalho. Para que o seu possuidor a venda como mercadoria, tem de poder dispor dela, ser portanto proprietário livre da sua faculdade de trabalho, da sua pessoa. Ele e o possuidor de dinheiro encontram-se no mercado e enfrentam-se um com o outro como possuidores de mercadorias de igual condição, só distinguíveis por um ser comprador, o outro, vendedor (…).”
      Marx, O Capital, Livro Primeiro, Tomo I, Edições Avante! – Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, 1990, p. 194
    “Mais, dans le système du capital, on n’échange pas le travail vivant contre le travail passé à titre de valeurs d’échange, en les considérant comme identiques, de sorte qu’une même quantité de travail sous forme matérialisée correspond à la valeur — ou constitue l’équivalent — d’une même quantité de travail sous forme vivante. Au contraire, ce qui est échangé, c’est le produit et la force de travail, qui est elle-même un produit.”
      Marx, Fondements de la critique de l’économie politique, II, Anthropos, Paris, 1968, p. 73

Rui Pena Pires reparou nisso ontem, ao ver o Expresso da Meia-noite. Eu vi o programa esta tarde e confirmei que, para Louçã, o trabalho, ou a força de trabalho (como Marx lhe chamava), já não é uma mercadoria: “O trabalho não é um mercado (…) Há uma economia do trabalho, o que é uma coisa diferente.” Aquilo a que M. Morishima chamava o “teorema marxista fundamental” ruiu de uma penada… “A metamorfose da crisálida em borboleta” volta a ser um mistério.

2 comentários :

Anónimo disse...

O moralismo de Louçã é muito irritante e começa a fazer ricochete.

António P. disse...

Há sempre revisionistas mesmo trotsquistas como o Prof Anacleto.