É o título de um artigo escrito por Rui Peres Jorge no Jornal de Negócios, que retoma as questões levantadas pelo Afonso Mesquita a partir de dados do próprio INE. Eis um extracto do artigo:
- «A Páscoa tirou ou não fôlego à economia portuguesa no primeiro trimestre? Em caso afirmativo, quanto? Apesar de nem o próprio Instituto Nacional de Estatística (INE) querer arriscar uma resposta, dados os vários condicionantes em jogo, o debate está instalado, sobretudo na blogosfera.
O Jornal de Negócios contribui para o debate, fazendo a análise possível: compara o ritmo de crescimento trimestral da economia com o ritmo de crescimento diário. O objectivo é isolar o efeito dos dias úteis. Conclusões: o PIB médio diário durante os três meses do ano acelerou 2,6% face ao registado nos mesmos meses de 2007 e 1,4% face ao último trimestre do ano passado. Uma medição bem diferente do crescimento oficial do primeiro trimestre, o qual foi divulgado pelo INE há semanas: 0,9% em termos homólogos e um recuo de 0,2% em cadeia.
Mas será que esta diferença é apenas justificada pelo facto de o trimestre ter tido apenas 62 dias úteis, contra os 63 de 2007? O Governo está convencido que sim, e apoiou-se nisso mesmo para tentar desvalorizar o ritmo de abrandamento registado. Na blogosfera, também há quem partilhe desta lógica semelhante à "regra de três simples": menos dias, menos PIB.
Nas últimas semanas, leram-se títulos de "post" como "a catástrofe económica que não aconteceu", por Afonso Mesquita na "Câmara Corporativa" ou conclusões como a de João Pinto Castro do "Blogo Existo": "a triste conclusão é que nem o INE, nem os jornalistas económicos, nem os economistas, nem os políticos fazem bem o seu trabalho" ao não perceberem que o abrandamento se deveu essencialmente ao menor número de dias úteis.
Já as contas do JdN mostram que há outros factores em jogo para além da redução de dias úteis ditada pelo facto da Páscoa ter ocorrido em Março. É que, caso a diferença entre trimestres fosse apenas justificada pelo número de dias, então o PIB diário seria semelhante.
No entanto, no primeiro trimestre, o PIB médio diário aumentou, em termos homólogos, para 2,6%, um ritmo muito superior ao da média do crescimento real dos últimos anos. Este facto parece indicar que a Páscoa poderá terá roubado uns dias úteis com uma mão, mas oferecido com a outra factores de dinamismo.
Questionada há uns dias, fonte oficial do INE respondeu ao JdN que o ajustamento aos efeitos de calendário é complexo e depende de vários factores. Por falta de tecnologia o instituto não arrisca avançar o impacto. Mais ajuda chegou da blogosfera por Rui Cerdeira Branco, funcionário do INE e autor do blogue "Economia e Finanças". Em defesa do instituto, o economista reconhece a fraqueza dos dados, mas desafia: "Na Câmara Corporativa quanto apostam em como menos dias úteis têm necessariamente um efeito negativo para o PIB?". É que, diz, na Áustria acontece frequentemente o PIB crescer com o número de feriados e fins de semana. A explicação: o sector do turismo beneficia do "efeito escapadinha", como foi baptizado por um técnico do INE austríaco.»
1 comentário :
Parabéns pela ideia!!!
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