domingo, julho 13, 2008

Uma contabilista em apuros

Não é brincadeira: Manuela Ferreira Leite continua a escrever no Expresso na sua qualidade de economista. A crónica de ontem é sobre os “riscos do investimento”.

A líder do PSD já deixou cair a bandeira de que não há dinheiro para nada. Agora, Ferreira Leite ficou a remoer no argumento de Sócrates de que a maioria dos investimentos públicos seria realizada por privados, o que seria a demonstração de que estão em causa investimentos que criam valor. Depois de muito matutar no assunto, alguém lhe soprou ao ouvido: — E os riscos, Manuela? Escreve, então, a senhora:
    “Para que tal aconteça, é necessário que o investimento seja 'bom', isto é, que crie valor.

    Nesta medida, o interesse de investidores privados por empreendimentos públicos poderia ser um bom indicador de que estes seriam rentáveis e, como tal, benéficos para o crescimento do país.

    No entanto, este raciocínio tem subjacente uma questão fundamental e decisiva: como se fará a distribuição dos riscos?

    Se num investimento público, o Estado assumir todo o risco, o interesse dos privados por esse investimento não resulta da perspectiva da rentabilidade do projecto, mas da garantia de se tratar de uma iniciativa de que nunca resultarão prejuízos.”
A líder do PSD omite (ou não sabe distinguir) que Sócrates — por exemplo, em relação às barragens — falou em concessões e não em parcerias público-privadas.




O risco é, no caso das concessões, todo dos privados. Veja-se o caso da Brisa, uma concessionária de auto-estradas, que, nos últimos dez dias, teve perdas que lhe retiraram mais de 1,3 mil milhões de euros de valor de mercado. Estará convencida a Senhora Dr.ª Manuela Ferreira Leite que o Estado vai ter de ressarcir a Brisa das perdas?

Para além desta pequena confusão em que se baralha com os modelos de financiamento, a líder do PSD só vê — e mal — um lado dos lados da questão: o do custo dos investimentos. Nem uma palavra se lhe arranca sobre os benefícios dos investimentos. E isto, por muito que lhe custe, também se mede.

1 comentário :

Ricardo Sardo disse...

E quer esta senhora governar-nos. A mim não me governa, se depender de mim.
Cumprimentos.