domingo, julho 13, 2008

Leituras — O "regresso de Cavaco Silva ao xadrez político, com Ferreira Leite como rainha" [II]

O artigo de Nuno Brederode Santos no DN de hoje intitula-se A SEGUNDA MELODIA. Eis um extracto:
    «Ora o problema é cada vez mais o da recusa do estado-maior de Manuela Ferreira Leite em se ocupar das causas. É uma estratégia de dissimulação. É ignorá-las, varrê-las para debaixo do tapete. Calar propostas, esconder ideias e programas - porque todas elas dividem. Pendurar-se em Cavaco e chegar ao poder na ambiguidade e no vazio, para depois tratar dos males internos e conseguir a coesão.

    Este é o mais difícil de todos os caminhos. Porque as oposições internas não se calarão e é delas que, em primeira linha, depende a coesão. Porque os interesses económicos e as aspirações sociais que o partido precisa de mobilizar querem certezas, compromissos de sangue desde já. E porque o Governo já percebeu como é que se estimula a inquietação à volta dessa postura vaga, translúcida e proclamatória (como ficou meridianamente claro na obsessiva insistência de Sócrates em que o PSD diga quais são, em concreto, as obras públicas que estão a ser postas em causa): o maior partido autárquico é um imenso somatório de localismos, cujos interesses se chocam perante qualquer escolha ou decisão.

    O general Ulysses Grant - guindado pela bondade da História e a fortuna da Guerra à Presidência dos Estados Unidos - disse, naquele seu jeitinho pouco dado ao chá das cinco, acerca si mesmo: "Só conheço duas melodias. A que é o Yankee Doodle e a que não é." Só que o eleitorado conhece mais e sabe que "a que não é" são todas as outras. E, não sendo o Yankee Doodle, quer saber qual vão tocar.»

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