- “É uma neocon radical. Reclama mais armas, mais política de força, intensificação das guerras, mais pena de morte, mais petróleo, sem a mínima preocupação com a defesa do planeta ameaçado. É religiosa fanática, contra o aborto, contra os gays, criacionista, subscreve os desvarios anticientíficos contra a teoria da evolução, unilateralista, está convencida que a América, com a bênção de Deus, poderá governar o mundo. Ignora as crises, o desemprego, o déficit astronómico, e quanto à política externa, zero. Quer dizer, se fosse eleita, a América teria mais quatro anos do mesmo... ou pior.”
- “Em Portugal, a partir de informações judiciais falsas, não confirmadas ou delirantes, há invariavelmente órgãos de comunicação que não hesitam em promover julgamentos populares e linchamentos de carácter. Talvez não fosse má ideia que aproveitassem agora a oportunidade para fazerem um exame de consciência e revelarem uma capacidade de auto-regeneração pelo menos igual à que o sistema judicial demonstrou. Aliás, o mais importante não seria necessariamente o ressarcimento material, mas, sim, um reconhecimento dos erros cometidos e das suas consequências.”
- “Como assinala o criminólogo Vincent Sacco no seu livro When Crime Waves (2005, Sage Publications), o crime é um dos poucos fenómenos sociais que são discutidos em termos de "ondas". Uma pesquisa no Google News à expressão "onda de" confirma-o plenamente. Para além das ondas "de assaltos", "de violência", "de homicídios", "de furtos" e "de insegurança", só se encontram ondas "de protestos" e "de incêndios". Aqui está, de resto, uma boa maneira de prever a ocorrência de uma onda de criminalidade como aquela em que, alegadamente, Portugal está mergulhado nos últimos tempos. É mais provável que ocorra quando os sindicatos estão de férias, ou seja, quando as águas do protesto estão em repouso à espera da chamada rentrée política. E se a área florestal ardida até Agosto estiver abaixo da média da última década, como sucedeu este ano, estão reunidas as condições ideais para que um tsunami de assaltos, roubos e homicídios inunde o país.
Exagero? Não creio. Os crimes são uma matéria-prima fácil, barata e rentável para a comunicação social. Ocorrem todos os dias (assegurando um fluxo constante de notícias), a informação é fornecida por fontes oficiais que não carecem de verificação (a polícia), têm culpados e inocentes (dramatismo assegurado) e baixa complexidade factual (facilitando o trabalho quer dos jornalistas quer da audiência). Na ausência de outras notícias relevantes durante um período prolongado, as "ondas" facilmente ganham dimensão. Não surpreende, por isso, que uma das coisas que se sabem da investigação sobre a matéria é que a relação entre a real ocorrência de crimes e a sua cobertura pelos meios de comunicação social é, na melhor das hipóteses, ténue. E uma das direcções mais promissoras deste tipo de estudos consiste precisamente em mostrar que a ordem causal pode ser exactamente contrária à que imaginaríamos à partida. Independentemente de reflectirem ou não reais aumentos na criminalidade, as "ondas" podem amplificar a percepção social de que a actividade criminosa está a aumentar, de que é bem sucedida e de que a polícia não a consegue travar. Podem contribuir assim, precisamente, para estimular as decisões individuais de cometer um crime, ao colocarem em causa o efeito dissuasor da lei penal e das forças de segurança.”
3 comentários :
Concordo com o Mario Soares: "ignora as crises, o desemprego". Tal e qual o Sócrates. Em abono da verdade diga-se que não está a fazer nada que esse grande PM Soares fez.
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"Porque, tal como nos últimos anos da década de setenta do século passado, o PS parece ter sido assaltado pelo colaboracionismo de mentalidades pouco dadas ao pluralismo e à autonomia da sociedade civil, admitindo certas formas serôdias de neogonçalvismo refinado, onde, nalguns casos são mobilizados fascistas folclóricos e estalinistas não arrependidos."
Jose Adelino Maltez
Maltez não era fascistoide ?
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