terça-feira, outubro 28, 2008

Leituras

• José Paulo Esperança, Risco e desempenho:
    “A actual crise financeira veio pôr em causa as convicções mais enraizadas. Quem ontem defendia a redução do papel do Estado e a supressão dos impostos, apressa-se agora a exigir o acréscimo da regulação e a intervenção directa na economia. A "mão invisível" parece ter perdido a sua condição de reguladora harmoniosa da economia, sugerindo a necessidade de intervenção da "mão pesada" do Estado.”
• Pedro Adão e Silva, Investir ou não investir?:
    “Enquanto na entrevista DN/TSF, José Sócrates afirmava que a intensificação da crise internacional deu “mais razões para que todas as obras públicas de modernização infra-estrutural do nosso país se façam, porque não servirão apenas para melhorar a competitividade do país, mas servirão também para no curto prazo garantir que mais gente tem emprego e que mais empresas têm condições para se afirmar na economia”, Ferreira Leite voltou a insistir nos riscos do investimento público. Agora já não na fórmula, “não há dinheiro para nada”, mas numa versão revista em que só devem ser feitas obras públicas quando “não precisemos de ir buscar dinheiro a crédito”.

    (…)

    Convenhamos que, a serem levadas a sério, as afirmações de Ferreira Leite neste fim-de-semana só poderiam ter resultados desastrosos. Utilizar o recurso ao crédito como critério para aferir da bondade do investimento é, no mínimo, uma ideia peregrina. A consequência seria simples: as economias paravam. Aliás, este caminho já foi em parte tentado. Quando Ferreira Leite foi ministra das Finanças, a resposta à recessão foi a contracção do investimento público – o “discurso da tanga” –, o que intensificou o arrefecimento económico.”

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