sábado, novembro 01, 2008

“A dúvida é se lá chegará!”




Ângela Silva escreve sobre Cenários de sucessão no PSD na edição de hoje do Expresso:
    “Lembram-se quando Cavaco Silva decidiu vetar o feriado de Carnaval? O próprio reconheceu anos depois, quando avançou para Belém, que o erro lhe saíra caro, e esta semana não faltou no PSD quem comparasse a asneira carnavalesca de Cavaco à forma como Ferreira Leite acusou o primeiro-ministro de "roçar a irresponsabilidade" ao anunciar um aumento do salário mínimo nacional. (…) O ataque ao anúncio do novo salário mínimo incendiou os críticos de Manuela: Menezes acusou-a de "enterrar o partido", o presidente do PSD/Porto garantiu que no seu distrito "é muito importante que o salário mínimo aumente", e até Paulo Rangel, o líder parlamentar, não disfarçou aos jornalistas o embaraço: "Não falo sobre isso". Nos bastidores do partido, teme-se que Manuela tenha morto qualquer discurso social (…) e o último estudo da Eurosondagem para o Expresso (…) confirma que as prioridades de MFL não são as dos eleitores. Quase 75% dos inquiridos querem o TGV e o novo aeroporto (esta semana, até Durão Barroso veio aconselhar os governos a não congelarem as grandes obras), 54% recusam Santana para Lisboa, e o partido e a líder ressentem-se da dessintonia — ela caiu 1,9%, e o PSD 1,2%. (…) A falta de concretização das propostas que MFL apresenta é criticada dentro do próprio PSD, onde cresce a sensação de que ou ela acerta o passo até ao fim do ano ou arrisca-se a ter o partido em convulsão mais cedo do que se previa. Quem sabe se com directas antecipadas. Com a tendência de subida do PS e descida do PSD a consolidar-se nas sondagens, a dúvida começa a circular: chegará Manuela às legislativas? E os sinais de descontentamento não param: ou porque a líder escolheu Santana, ou pela sua inabilidade política, ou pela inacção do partido, ou pela agenda afunilada. (…) Cientes disso, os sectores que não (...) querem já [o congresso] alinham peças — Alexandre Relvas, Marcelo, Morais Sarmento e Rui Rio. (…) Apostado em manter a líder até 2009 por antever a vitória de Sócrates, este sector joga no médio prazo e valoriza o que Ferreira Leite disse na SIC: que se apenas tirar a maioria absoluta ao PS, será uma derrota. Se as sondagens acertarem, Manuela sai nas legislativas. A dúvida é se lá chegará!”

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