sexta-feira, novembro 21, 2008

Fernandes, discípulo de Inácio de Loyola

José Manuel Fernandes (JMF) é um cidadão preocupado com a escola pública. O director do Público, segundo escreve no editorial de hoje, tem um “conselho [a dar], que mão amiga me fez ontem chegar, (…) extraído do Ratio Studiorum da Companhia de Jesus, uma obra de… 1599.” É este o conselho: “nada deve ser mais importante nem mais desejável (...) do que preservar a boa disposição dos professores (...). É nisso que reside o maior segredo do bom funcionamento das escolas (...). Com amargura de espírito, os professores não poderão prestar um bom serviço, nem responder convenientemente às [suas] obrigações.”

“Preservar a boa disposição dos professores”: como é que ninguém se tinha lembrado, antes da “mão amiga” de JMF, de uma coisa tão óbvia e tão simples de proporcionar?

Bem, JMF ainda hesitou se esse será o melhor caminho a seguir, mas depois veio-lhe à memória que se, “passados mais de quatro séculos, os jesuítas continuam a gerir algumas das escolas mais procuradas em todo o mundo (Bill Clinton estudou numa delas, a celebrada Universidade de Georgetown) é porque algum nexo teriam as regras que sempre seguiram.” JMF não explica como concluiu que “a boa disposição dos professores” se deve a regras que se mantêm há quatro séculos.

No momento em que está em causa a avaliação dos professores, JMF vem defender que o que faz sentido é garantir a “boa disposição” dos professores, mesmo que isso implique que estes não sejam avaliados.

É uma espécie de eduquês para professores: para assegurar a melhor performance dos professores, nada como garantir a sua “boa disposição” e evitar a sua “amargura de espírito”. Por outras palavras, não precisamos de ciências da educação — Inácio de Loyola, há quatro séculos, já sabia tudo.

Imagine-se quão empolgados não seriam os editoriais (e as manchetes) do Público se alguém viesse defender que, relativamente aos alunos, era preciso garantir a sua “boa disposição” e evitar a sua “amargura de espírito”.

Até ler hoje este editorial do director do Público eu estava convencido de que o fundamental na escola pública deveria ser o trabalho contínuo para uns e para outros — em particular para os professores, dado que eles são, nesta relação, os profissionais pagos para ensinar. Mas eu estava enganado.

3 comentários :

Anónimo disse...

A SANTA ALIANÇA

Assistimos hoje, a uma estranha aliança convergente na estratégia, na táctica e nos interesses, entre o ppd/psd, comunistas e bloco.
Senão vejamos, analisando as últimas afirmações produzidas por MFL, tais como:
- Criticando os imigrantes com declarações xenófobas;
- Critica o jornalismo livre e independente;
- Defende a ditadura como forma de por as corporações profissionais na ordem.
Do lado do pcp e bloco, nada, silencio, nenhuma reacção. Verificamos uma convergência nos objectivos, alias, fazem parte do programa e doutrina comunista e trotskista. Nada a estranhar.
Estranho é o comportamento do ppd/psd, num vale tudo, cavalgar a mesma onda radical promovida e alimentada pela máquina comunista/sindical, sustentando a ideia de por esta forma chegar ao poder rapidamente. Reles democratas e traidores. O povo português não é burro e saberá dar a resposta adequada, nem a “muralha de aço” resistiu, derrubada como se fosse um baralha de cartas. A luta continua.
O inimigo nº.1 abater, pela aliança comunista/bloquista, é PS. A destruição ou enfraquecimento deste permitirá a chegada ao poder daqueles que defendem o fim da democracia ocidental e a instauração de um regime repressivo e policial. Ou seja o fim das liberdades. O que é estranho é comportamento do ppd/psd ao fazer o jogo do seu “inimigo”, mas mfl lá saberá, ou não, o que está a tramar. Presume que terá um lugar nesse (ironia) hipotético regime ditatorial.
A pergunta que deixo no ar, é saber o que faz correr mfl e a sua direcção política, atrás de forças partidárias antidemocráticas, as quais são contra:
- A Europa;
-O Ocidente;
- A Nato;
- A U.E.
- A Democracia.

22/11/08
Xico ribeiro

Anónimo disse...

Garantir uma "boa disposição" dos professores, passa por:

Regressar ao ensino no tempo do Kavako/Durão/Santana. Aí sim era um gozo do tamanho da lua.
Ensinar, niqles;
Ferias 5 meses;
Atestados por dá cá aquela palha;
Ausencias prolongadas;
Baixas fraudulentas;
Horarios para quê, era a rebaldia completa;
Os burros iguais aos espertos, ou seja os espertos acabavam por ficar também burros;
Horarios zero e salario ao fim do mes;
Reforma com 30 anos de serviço;
Etç, Etç, Etç.

O ZE é que suportou muito chulo ao longo de muitos anos, mas a mama não dura sempre. Acabou.

A. Moura Pinto disse...

“Portugal ocupa o oitavo lugar no ranking de um estudo europeu sobre a eficácia do ensino superior em 17 países da OCDE, que aconselha o país a aumentar a formação ao longo da vida e a atrair mais estudantes estrangeiros. O relatório Ranking de sistemas universitários: cidadãos e sociedade na era do conhecimento foi elaborado por três especialistas do Lisbon Council, um centro de estudos sobre assuntos europeus, em Bruxelas. Portugal “situa-se no meio da classificação global em todos os itens”, à frente de países como a França e a Alemanha.”

Uma notícia de primeira página? Querias. Um rectangulozinho no lado esquerdo de uma página par, a 18. Em 21-11-08. Sim, que a primeira página, quanto a ensino, continua arrendadada à Fenprof.