Herman e o Ministério Público

Herman José à edição de ontem do Semanário Económico [p. 43 do Outlook]:

«Tinha prometido ao Mário Soares que quando fizesse 50 anos me tornaria cidadão português, sob o olhar desconfortável do Cavaco que sempre fingiu que me tolerava mas que acha que estou nos antípodas do que deve ser um cidadão cordato. O Mário Soares não. Foi sempre um tipo giríssimo. Na altura em que me entregou a medalha de mérito da Cultura disse-me: “Parece impossível que o nosso melhor humorista seja alemão”. E então eu disse: “Quando chegar aos 50 anos naturalizo-me português”. Mas aos 50 anos estava eu, com a minha mãe e com um grupo de amigos, em Paris, a festejar os meus anos no Ritz, bem longe de Portugal, para fugir de um Ministério Público que sem provas, sem contraditório, sem telefonemas, sem documentos, sem nada, baseado numa coisa que um maluco se lembrou de dizer, me acusou, publicamente, do mais terrível dos crimes. E tive a noção absoluta de que enquanto viver num país deste género não me apetece ser português.»