As fraquezas de um doutorando

Hoje, na Sábado, Pacheco Pereira precisava de um assunto para desviar a atenção do que disse Marcelo, no passado domingo, sobre a Dr.ª Manuela (e sobre a qualidade dos seus conselheiros). A irrelevante convenção do Bloco de Esquerda veio mesmo a calhar.

Longe vão os tempos em que Pacheco, de beiço caído, escrevia no Abrupto que não era de direita. Agora, seja qual for o assunto que se discuta, lá está o nosso Pacheco arrumadinho ao lado dos piores canastrões da direita. A própria “análise” que faz do BE, entre banalidades e comparações estapafúrdias (Louçã “muito parecido” com Alberto João), é vincadamente uma conversa de direita.

Se me refiro ao artigo de Pacheco é porque ele contém uma pequena, mas intrigante, nuance:

“Seria injusto para Miguel Portas, Luís Fazenda, Fernando Rosas e para muito outros dirigentes do BE acusá-los de demagogos populistas, mas Francisco Louçã é-o até à medula dos ossos.”

Admito que haja diferenças entre Portas (que veio da Política XXI com o legado de Brejnev), Fazenda (que chegou ao estrelato na UDP com Enver Hodja) e Rosas (um velho dissidente do MRPP). Mas, quando se trata de agitar a bandeira do populismo, não se encontram vozes bloquistas desafinadas.

Acresce que, salvo erro, é a primeira vez que Pacheco dá conta que descobriu no BE uma facção não populista — que suponho que seja maioritária, porque só não inclui o PSR de Louçã, com muito menos votantes do que a UDP.

Eu, no lugar de Pacheco Pereira, teria sido menos imperativo na defesa desta fractura no seio do BE, porque os factos estão longe de a comprovar. E, sobretudo, porque aquela gente malévola que sempre há por aí pode vir a dizer que se trata de um acto de genuflexão perante o orientador da tese de doutoramento, tendo trazido Fazenda e Portas de arrastão para a coisa não chocar tanto.