- “E agora, repito? O Presidente Obama disse que "é preciso mudar o modelo económico". É evidente! Claro, o capitalismo financeiro especulativo faliu, como o neoliberalismo, que o tornou possível. Quanto a isso não há qualquer dúvida.!
- “A violação do segredo de justiça remete para o cruzamento entre duas instituições nucleares das sociedades livres: uma justiça fiel às liberdades e uma comunicação social independente. É precisamente pelo carácter nuclear destas instituições que o modo perverso como, ao violarem o segredo de justiça, se articulam é gravoso para o Estado de direito. De cada vez que temos acesso a uma informação parcelar, descontextualizada ou até materialmente falsa proveniente de um processo judicial que, por sua vez, é amplificada pela comunicação social, estamos, de uma assentada só, a deitar fora a presunção da inocência, o direito ao bom nome, o princípio do contraditório, elementos que estão na base de uma sociedade decente.”
- «Qualquer que seja a perspectiva, a liderança de Ferreira Leite não tem sido bem sucedida. Não só não recuperou a credibilidade política do partido na opinião pública, como não foi capaz de apresentar até agora uma alternativa política com um mínimo de consistência. Sendo manifestas as suas dificuldades de comunicação política e a falta de carisma pessoal, o problema não tem a ver, porém, só com a forma do discurso, mas sobretudo com a pobreza da mensagem política e a inconsistência (e mesmo a irresponsabilidade) das propostas apresentadas e das posições políticas defendidas. O seu discurso é geralmente negativista e "bota-abaixista". Começou por dizer, muito antes de a crise económica se declarar, que não havia "dinheiro para nada" e que havia uma "situação de emergência social", o que eram manifestos exageros. Depois moveu uma apaixonada cruzada contra as obras públicas em geral, que acabou por reduzir ao "riscanço" do projecto do TGV, justamente um dos investimentos que mais contribui para a modernização e o desenvolvimento do país e que, aliás, se tornou irreversível em virtude dos acordos firmados com Espanha para as linhas comuns, que ela mesma subscreveu enquanto ministra das Finanças de Durão Barroso. Por último, já com a crise económica internacional a todo o vapor, com a ameaça de forte aumento do desemprego, Ferreira Leite veio defender, contra toda a lógica, que a margem orçamental disponível não deveria ser utilizada para fomentar o investimento público e para reforçar as políticas sociais, mas sim para uma redução geral de impostos, proposta que ultimamente reconverteu para a defesa da redução da parte patronal na taxa social única para todas as empresas, o que, além de causar um rombo financeiro incomportável na Segurança Social, afectaria gravemente a capacidade desta para suportar os encargos acrescidos por causa da crise (sobretudo o subsídio de desemprego). Em vez de apresentar a sua alternativa de resposta à crise, o PSD tem-se notabilizado, sim, pelo alinhamento oportunista com várias lutas e propostas alheias, por mais demagógicas que sejam. Recorde-se o seu activo apoio à recusa do processo de avaliação dos professores, em aliança com o PCP e o BE, bem como o pressuroso apoio à recente ameaça dos camionistas de retomarem formas colectivas de luta contra o Governo, sob o falso pretexto de incumprimento dos compromissos assumidos no ano passado. Recorde-se também a recente votação a favor de uma proposta da Assembleia Regional da Madeira (também apoiada pela extrema-esquerda) no sentido de o Estado assumir o pagamento de metade dos encargos com empréstimos para a compra de habitação, para toda a gente com dificuldades em pagá-los, o que, pelo volume de encargos financeiros exigidos, revela um inadmissível grau de irresponsabilidade orçamental para qualquer partido de oposição com vocação governativa.
Em vez de alternativa de governo a sério - que não pode defender na oposição sistematicamente aquilo que não poderia implementar no Governo -, o PSD tem-se portado como se fosse mais um partido de protesto e de contrapoder, uma espécie de "PCP de direita".»
3 comentários :
está uma referência ao seu blogue no seguinte endereço:
http://fait-divers.blogs.sapo.pt/
Li atentamente o artigo do PAS. Teria razão antes de Setembro de 2008. Esqueceu-se que a partir desta data, como regra, todo o processo é público, mesmo na fase de inquérito. A alteração legal então levada a cabo desvalorizou o segredo de justiça e este tornou-se matéria de disputa judiciária entre os diversos intervenientes (cf. artigo 86º nºs 2 e seguintes do Código de Processo Penal).
Excelente artigo da Mario Soares. De forma clara e com saber, põe em causa a demagogia do bloco e do pcp, quando aparacem agora a defender estoicamente, não é nova, a estatização do sociedade a caminho da ditadura.
Penso que os portugueses na devida altura darão a resposta adequada.
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