Daniel Browning Smith, AKA the Rubberboy
António Cluny, o presidente vitalício do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), está preocupado com as perversidades do caso Freeport e fê-lo saber por comunicado. Este dirigente sindical habituou-nos, há muito, a ouvi-lo dissertar sobre a justiça e o futuro do Estado, saindo dos apertados limites do sindicalismo, que manifestamente não lhe convêm.
É imperioso saber, portanto, o que preocupa Cluny.
O comunicado que mandou publicar é realmente esclarecedor. Cluny não está preocupado com as violações do segredo justiça. Cluny não está preocupado com a escandalosa promiscuidade que se continua a verificar entre magistrados, investigadores e jornalistas de “investigação”, em benefício do sensacionalismo tablóide e do descrédito dos tribunais. Cluny não está preocupado com a instrumentalização dos processos pela política, com a cumplicidade das pessoas que andam sempre a recordar a independência.
O que preocupa Cluny é que este estado de balbúrdia possa acabar. Falar-se em investigar as violações ao segredo de justiça ou em descobrir as razões da coincidência entre as diligências processuais e o calendário político é para Cluny uma tortura. Isso, sim, é muito inconveniente e perverso. E é perverso porquê?
É perverso porque, quando os processos correrem sem estas patologias e a justiça funcionar bem, Cluny deixa de ter futuro. Ele alimenta-se da intriga, do golpe baixo e da representação corporativa ao pior estilo. Precisa de descobrir inimigos e inventar perseguições.
Só por absurdo o presidente vitalício do SMMP poderia pensar que juiz conselheiro do Supremo pedia a um procurador-geral adjunto que ordenasse a um juiz que investigasse os magistrados responsáveis por um processo. Mas é assim que se resume o conjunto de notícias vindas a lume sobre a investigação da “secreta” ao caso Freeport.
Cluny é o primeiro a saber que é mentira. Mas o que é que isso interessa se essa mentira lhe permita pôr-se em bicos de pés e intrigar contra os seus “inimigos”?
Adenda — Comentário de Manuel T. (de Santa Maria da Feira):
- «Para cumprir ditado popular que manda “não jurar falso”, em vez de me ficar por excertos fui ao site do Sindicato dos Magistrados do Mnistério Público pousar olhar atento, cuidadoso e respeitador sobre o mais recente comunicado dessa representação corporativa liderada pelo Dr. António Cluny – e fiquei:
- preocupado por saber que, e cito, “intervenções, mais ou menos fictícias, desde que noticiadas, permitem, objectivamente, o desenvolvimento de um clima perverso de suspeições institucionais” (e não só – penso eu)...
- indignado por haver, e cito, “intromissões mais ou menos oficiosas na vida profissional e até pessoal de magistrados encarregados do chamado processo Freeport” (indignação que, já agora, não vi ninguém exprimir mormente sobre o abjecto uso e abuso da imagem, personalidade e vida da mãe de José Sócrates – reacção minha também decorrente do facto de se falar do assunto, mas não se identificarem nem “magistrados” nem intrometidos)...
- e descansado por esse comunicado imputar às alterações entretanto verificadas no Estatuto do Ministério Público os riscos que atingem a credibilidade do mesmo MP (e descansado porque, para além de ser discurso recorrente, no referido site o tal estatuto é intitulado como reforma iníqua e sem pais nem padrinhos – conclusão que neste país de meias tintas e penumbras lançadas contra “adversários ou inimigos de estimação” ou sobre “jarras e mobílias incómodas”, não tem nada de especial, antes pelo contrário, sabe-se lá se por integrada numa velha prática sócio-cultural que antes das redes públicas de saneamento praticava a “penicada” da janela para a rua)...»
2 comentários :
Se o conteúdo da mensagem é mentira, não há que ter medo do mensageiro.Não há que ter Clunyfobias, o homem não está no patamar em que se supõe. Por último, " Defesa ridicula compromete o acusado e o defensor".
A clunymania é uma doença que ataca todos aqueles que se identificam como "pulhas", bufos e lambe-botas empacotados.
Além de atacar de forma pidesca, pelo noite no silencio,gosta tambem de ser fonte de certos misterios, como traiçoes e divorcios, para depois ir dormir com o atraiçoado. O doença tem origens no social-fascismo.
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