quarta-feira, fevereiro 18, 2009
O primeiro estudo
Ouvi, há dias, o empresário Alexandre Soares dos Santos, no congresso do 10.º aniversário da Associação das Empresas Familiares, fazer uma inesperada conversa de taxista: a história dos coelhinhos de Louçã fá-lo ameaçar abandonar o país; o recurso aos instrumentos fiscais para apoiar a classe média é demagogia; os sindicatos só “incentivam à greve”; as “confederações [patronais] não são mais que emprego certo para umas tantas pessoas”; o Parlamento “nada discute, nada controla”, esgotando-se em assuntos como o “casamento dos homossexuais”.
Soares dos Santos é o principal accionista da Jerónimo Martins, um dos maiores grupos económicos do país. Tendo em conta a tão badalada responsabilidade social dos empresários, a que acresce, no caso de Soares dos Santos, a sua anterior disponibilidade para a intervenção política (membro da candidatura à presidência da República de Cavaco Silva), esperar-se-ia que ele, face à dimensão da crise mundial, reflectisse sobre o modo como o país deve conjugar esforços para superar a fase difícil que atravessa.
Afinal, em lugar de um contributo positivo para a superação da crise, Soares dos Santos deu voz ao taxista que há em todos nós. Fiquei algo intrigado com esta atitude.
Mas suponho que, ao saber que Soares dos Santos criou uma fundação para fazer estudos, escolhendo para a dirigir António Barreto, pode estar encontrada a razão para a destemperada reacção do chairman da Jerónimo Martins: ele ter-se-ia limitado a ler em voz alta o primeiro paper elaborado pela fundação. A avaliar pela assistência presente (imagem supra), o impacto social da sua intervenção foi reduzido.
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3 comentários :
Um empresario do passado fascista, apoiado por fascistas e neo-fasistas e a direita, psd/cds e kavako. Neste país vale tudo, até dizendo disparates.Quem não se sentir bem em Portugal deve partir e rapidamente.
"Quantum mutatus ab illo"!
[Publicado por Vital Moreira] [Permanent Link]
Até ao início da actual crise, as ideias de Estado social e de intervenção do Estado na economia estavam acossadas sob décadas de ofensiva neoliberal. Todos os partidos de direita se tinham convertido à nova ortodoxia da soberania ilimitada do mercado, da redução do Estado às "tarefas de soberania" e do culto da "responsabilidade individual". A antiga "direita social" de tradição democrata-cristã tinha praticamente desaparecido.
Entre nós, o panorama era o mesmo, com o PSD a entrar numa deriva discursiva contra os serviços públicos e contra toda a presença do Estado na economia, culminando na proposta de privatização da própria CGD.
Subitamente, porém, com a crise o discurso neoliberal entrou de férias, o Estado passou a ser o salvador da economia e das empresas e toda a gente virou fervorosa defensora das obrigações sociais do Estado. A direita passou mesmo a liderar a exigência de mais e mais medidas económicas e sociais dos governos.
Há, porém, um pequeno problema com estas mudanças súbitas. Excluída uma improvável conversão político-ideológica, há alguma sinceridade nisso?! O oportunismo político tem muitas faces...
O avô do empresário "fascista" foi o primeira a pagar 13º mês aos seus trabalhadores (em 1930). O pai criou uma indústria, a Fima-Lever-Iglo que criou milhares de postos de trabalho e é um bom exportador. E o empresário "fascista" ganhou, na Polónia, a corrida ao gigantes europeus do retalho alimentar e torno-se no primeiro grupo do país, porventura cometendo o "crime" de distribuir dividendos em Portugal. Se o miserável que escreveu sobre ele tivesse feito pelo país e pelos trabalhadores um milésimo do que ele fez não necessitaria de viver à mama do poder xuxa. Enfim...
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