- «Eu sou dos que pensam que, cá entre nós, não faltam cabeças capazes de ombrear com as massas encefálicas mais cotadas do estrangeiro – isso tanto no ramo das ciências como no ranco das letras (embora eu veja montes e vales entre as declarações de Sobrinho Simões e as proclamações de José Saramago, por exemplo).
Cabeças que deviam aparecer mais, elucidando-nos sobre o que fazem e pensam, e ajudando-nos assim a sermos cidadãos devidamente informados e esclarecidos, logo mais aptos a manter ou a desalojar quem usa o nosso nome para não cuidar do bem comum e da coisa pública.
Ausência (de cabeças) hoje suprida, segundo a página nove do JN, por um professor catedrático de economia e coordenador de pós-graduação sobre fraude, a quem é atribuída a opinião de que, e cito, “Pode não ser apurada qualquer ilicitude no caso Freeport, mas isso não quer dizer que não exista fraude económica” – assim como a seguinte conclusão, e cito novamente:”Se eu promovi uma reunião, mesmo sem movimentações monetárias, há sempre a intenção de beneficiar uma determinada parte. Do ponto de vista económico, há sempre uma fraude, embora do ponto de vista legal possa não haver”!
Face a isto – e para não ser visto como corruptor ou como interessado em jogatanas por debaixo da conversa - cancelei o encontro com o Presidente da Junta de Freguesia destinado a saber quem é que autorizou o carro limpa-fossas da autarquia a despejar as recolhas que faz porta a porta sem saneamento no mato que a minha sogra tem nas bordas de uma zona sob reserva ecológica; cancelei a reunião com o Presidente da Câmara destinada a saber quem é que licenciou o prédio do vizinho em cima do meu telhado; cancelei a conversa com o senhor Abade destinada a saber quantos pinheiros quer, do tal mato sob adubação, para ajudar às obras de recuperação da igreja local; cancelei a entrevista pedida ao professor da disciplina que mais me faz sofrer na universidade em regime nocturno - para que não se pense que quero escovar ou influenciar o homem (ou comprar ou vender alguém dentre os agentes públicos ou políticos que conheço principalmente de fotografia)...
Eu não conhecia nem essa opinião nem essa conclusão, que tenho de aceitar como sensatas e sábias, até porque expressas por académico que certamente detesta as bojardas – mas a gente está sempre a aprender...»
2 comentários :
Miguel:
Estou a ficar cheio de inveja. Quem me dera um leitor como o Manuel T. de Santa Maria da Feira! Terei que me consolar com o que vou lendo na CC.
Abraço.
Francisco, é verdade, é verdade!
Abraço
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