José, extasiado, ouve Manuela a divagar longamente sobre as doutrinas morais dos Ensaios de António Sérgio, como foram explicadas ao Ex.mo Sr. Professor Martinho Nobre de Melo. Logo depois, Manuela recorda a José, que a interrompera para falar da carestia de vida em 1918, o grito lancinante de Proença: Socorram os famintos russos!, em que alguém — mas não a irmã Lúcia — sentencia: “Os sovietes têm o que merecem.” Ainda a noite era uma criança, e já tinham sido chamados à colação Câmara Reys, Miguéis, Cortesão e tantos outros. Rendido à sabedoria de Manuela, José dedica à convidada um poema de Augusto Casimiro, Cântico sobre o Abismo [Seara Nova n.º 15, 1/VII/22], que termina assim:
- Ó minha Pátria, ó minha mãe, descansa!...
Sobe ao calvário, Mãe! Não sejas triste!
Por eles e por ti seca o teu pranto!
Nesta hora em que a glória nos assiste,
Eis o grito de Amor que a ti levanto
E a triunfal certeza que te dou:
— De à beira abismo, dentre a Vida e a Morte,
— Ressurge a Vida mais vibrante e forte,
— As águias lançam mais erguido voo!
1 comentário :
Para além da ignorância a falta de graça deste post, gostaria da vossa opinião sobre a "biografia"/"genealogia" do Primeiro Ministro Sócrates com que o Diário de Notícias presenteia o povo.
É que se aquilo não é encomenda, parece.
Enfim, não tem a arte poética da Anabela Mota Ribeiro, mas talvez fosse excessivamente óbvio, "biografar" Passos Coelho e Sócrates logo a seguir. Não havia Montanha Mágica que aguentasse.
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