- «Imagino já o coro de indignados com a frase de José Sócrates: "Em democracia, quem governa é quem o povo escolhe...".
Os comentadores têm pasto para muitos dias. Meu Deus, que ele falou num caso que está em investigação na justiça. E é a justiça que há-de julgar, meu Deus. E o povo, meu Deus, não se sobrepõe à lei. E, ai meu Deus, isto é populismo no seu pior.
Os comentadores adoram armar-se em anjinhos. Eles estão fartos de saber que Sócrates não falava disso. Porque não é isso que aí está.»
- "O caso Freeport foi utilizado politicamente contra o PS, o governo e José Sócrates (estrategicamente por esta ordem, apesar de aparentar a ordem inversa). Durante pelo menos uma semana instalou-se na comunicação social (onde se incluem os blogues) um ambiente de «guerrilha» sul-americana. Houve muita boa gente que acalentou, nesses dias, a ilusão de que era possível uma transferência de poderes e competências constitucionais: à comunicação social competia a investigação; aos comentadores políticos encartados (os que são remunerados por essa «actividade») o julgamento e a condenação com base nos factos apresentados pela comunicação social; dispensavam a defesa e atribuíam ao Presidente da República o papel de juiz de execução de penas. Quando perceberam que o «golpe de Estado» assim gizado não funcionou, disseram, desalentados: «o caso Freeport já não vai dar nada». Agora, depois da intervenção de José Sócrates na abertura do Congresso do Partido Socialista, dizem, meio atordoados: «o Primeiro-ministro usa o caso Freeport para conduzir uma luta política». Tudo fizeram para usar o caso Freeport politicamente para derrubar um governo e quando o visado responde na mesma moeda gritam, como se fossem virgens, que nunca se lavaram naquele bidé. É do conhecimento geral que o feitiço se pode virar contra o feiticeiro."
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