O Manifesto

O homem chegou especialmente mal disposto nesse dia:

- Então essas coisas sobre o gajo? A Cova da Beira? A história da prima da mãe que comprou uma Bimby a pronto pagamento? Aquela nota do liceu rasurada? Nada!?, exclamou já um pouco fora de si.

O grupo especial de investigação tremeu. Ouviu naquela diatribe qualquer coisa como "vejam lá se querem que tire do bolso a lista que tenho prontinha para entregar ao Paulo...".

Refugiaram-se no bar. Twitaram, blogaram, facebookaram e youtubaram. Telefonaram. Vai daí, lembra-se um deles:

- Aquele vídeo da TVI...

- Qual vídeo da TVI? O DVD marado? Já demos...

- Nada... Aquele vídeo bué da catita, com música dos Xutos, a gozar com o gajo...

O alívio foi geral. Fizeram-se uns telefonemas para os partidos. Falou-se com o músico (chatice, até simpatiza o gajo...). Recordou-se o Abrunhosa, esse outro grande cantor de intervenção.

Mas a coisa ainda estava coxa. Afinal, tudo bem espremido, resumia-se a dois ou três vídeos no Youtube e o director já tinha posto na primeira: "Nova canção dos Xutos transformada em manifesto anti-Sócrates"....

Foi aí que entrou a brigada anti-tabágica. E saiu um cronicazinha, em que, afinal, se percebe quem está a usar a canção dos Xutos como arma política...

E todos rejubilaram. Mais uma vez, estava salva a honra do jornalismo de investigação. Uff...

[Act: o vídeo já está na TVI, no Público e, agora também, no Sol. Curioso...]