- «É muito divertido ler as opiniões do José Manuel Fernandes sobre educação, como no editorial do “Público” de hoje.
Quando fala dos EUA, apoia os programas de despistagem precoce de dificuldades e de apoio compensatório aos alunos 6mdash; o No Left Child Behind —, defende as autonomia das escolas (as ditas Charter Schools, que, aliás, têm regras importantes no que toca à admissão de alunos, e não honram particularmente a liberdade dos papás escolherem a escola que querem) e diz mal dos sindicatos e dos seus aliados políticos (o Partido Democrata).
Cá, em virtude do seu ódio de estimação irracional pelo Ministério da Educação, acha que os programas de reforço de aprendizagem são sinal de “facilitismo” e o que é bom é manter a irracional estratégia de chumbar os alunos a torto e a direito (prática que, se o director do “Público” lesse outros relatórios internacionais para além daqueles que os seus amigos da Sociedade Portuguesa de Matemática lhe enviam, já tinha percebido que não serve para nada); borrifa-se para todos os esforços realizados pelo Ministério da Educação para aumentar a autonomia das escolas (não conseguindo sequer perceber que na esmagadora parte das vezes o problema não está na 5 de Outubro, mas nos professores e nas escolas que não querem autonomia nenhuma, porque isso lhes dá mais trabalho e responsabilidades — mas pedir a José Manuel Fernandes para perceber isso, ou seja para perceber de que lado está o problema, é de mais dado o seu grau de cegueira ideológica); e adora fazer capas de apoio a cada manifestação dos stôres, como se fosse o director do “Avante”.
Se José Manuel Fernandes tivesse percebido bem a mensagem mais importante do livro que há uns anos Marçal Grilo publicou com a jornalista do “Público” Dulce Neto ("Difícil é Sentá-los. A Educação de Marçal Grilo", 2001, Oficina do Livro), percebia quão irresponsável e pueril é a sua atitude de opinar de uma determinada forma sobre os EUA — onde se estão a borrifar para o que ele pensa — e escrever o que escreve sobre educação em Portugal.
O que Marçal Grilo diz é de uma simplicidade enorme (mas não podemos pensar que, como dizia o outro, o senso comum seja a característica mais bem distribuída pelos seres humanos): é que se em política queremos fazer reformas, o mais importante não é chegar ao objectivo no imediato — sobretudo quando ele está muito distante e os obstáculos são inúmeros —, mas encetar o caminho político de forma segura, com passos que orientem as políticas no sentido certo, de forma a que a caminhada se torne numa marcha sem retorno.
Independentemente de se concordar com o que José Manuel Fernandes defende para a educação, ele não tem qualquer sentido do que é o jogo político — das dificuldades a ultrapassar, das alianças a construir (e de que lado se deve posicionar), das prioridades a dar, da estratégia diferida a encetar.
José Manuel Fernandes é o grande ideólogo da educação que não durava 4 meses como ministro — e depois diria que a culpa é do "monstro". Pois é, mas de diagnósticos de página e meia estamos todos fartos. O que falta é mesmo conseguir mudar na prática as bases do sistema, para que mudanças profundas possam avançar, mesmo que lentamente.
A bem ver, é mais fácil mandar uns bitaites nos editoriais do "Público" a partir dos relatórios enviados pelos amigos e das conferências em que é escolhido para mediar, vá-se lá saber porquê.»
- Ricardo Luís Ç.
1 comentário :
jmf é um pateta do absurdo. comentar mais para quê?
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