domingo, maio 03, 2009

Maioria absoluta implica mais de 50 por cento dos votos?

O DN publica hoje uma nova sondagem da Universidade Católica sobre as eleições legislativas: o PSD (34 %) engole o CDS-PP (2 %). No conjunto, a direita é apoiada por um terço do eleitorado.

O PS alcança 41 por cento das intenções de votos, o que fica aquém do resultado obtido em 2005 e longe, por isso, da maioria absoluta, segundo o DN. Ora, em 2005, o PS obteve uma maioria absoluta folgada com 45,03 %. Sabendo-se que, em regra, se atinge a maioria absoluta com cerca de 43 % dos votos, não se pode dizer que o PS esteja “longe” da maioria absoluta (para mais se se tiver em conta a margem de erro).

1 comentário :

Ernestina disse...

Não surpreende que o PSD tenha engolido o CDS, pois Paulo Rangel tem a postura agressiva e a linguagem radical que é cara aos eleitores da extrema-direita. Para sossegar os eleitores laranja menos amantes do radicalismo lá está em todo o lado a imagem da velha senhora do colar com mensagens "pacíficas" na aparência, embora sibilinas.
Por outro lado, o deputado Nuno Melo é tão desembaraçado na expressão quanto desastroso na estratégia. Na comissão de inquérito ao caso BPN, só visa apoucar a figura do governador do Banco de Portugal, relegando para segundo plano a culpabilidade dos autores do escândalo financeiro, que envolve tantas e tão altas figuras do PSD. Os laranjas agradecem.
Esta sondagem reflecte ainda a visibilidade que o Parlamento dá. As generosas alterações levadas a cabo pela maioria socialista (dois debates/mês) acabam por beneficiar um Rangel contundente e um Louçã habilidoso. É que a maioria das pessoas só vê os resumos dos debates, que as televisões privilegiam os sound bytes jocosos, os coelhos tirados da cartola. Raramente traduzem a essência do que foi discutido. Se assistissem à sessão por inteiro, como pude assistir a algumas, ficavam estarrecidas com actuações de deputados das oposições à Esquerda e à Direita. Na maior parte das vezes, não se distinguem nas ideias - o objectivo é dizer "não" e gritar o mais possível contra tudo o que o Governo proponha. A estridência de Drago e Heloísa Apolónia, por exemplo, é insuportável. José Sócrates tem de ter um grande autodomínio e resistência física para aguentar aquelas horas de chicana partidária. Nenhum outro líder, no seu lugar, aguentaria.
A queda do PCP não supreende. Através dos sindicatos, privilegia o combate ao inimigo principal - o PS - dominando a rua. É só fazer a conta às manifs e promoção de greves (exclusivamente no sector público!) nestes quatro anos. O Bloco de Esquerda não tem essa capacidade organizativa, nem de perto nem de longe, mas vai de boleia. Os bloquistas falam sem cassetes, não têm a ex-URSS no passado, nem referência a qualquer modelo no presente. Na verdade, não se sabe bem o que querem. Assim captam o efeito da agit-prop do PCP.