quarta-feira, junho 10, 2009

Leituras




• João Rodrigues, A economia política e moral do cavaquismo:
    A "roubalheira" no Banco Português de Negócios (…) tem servido para relembrar a experiência neoliberal portuguesa na sua origem, ou seja, a economia política e moral do cavaquismo. Isto é tanto mais útil quanto muitos dos problemas do país resultam das profundas transformações económicas promovidas pelos governos cavaquistas e das normas sociais que as legitimaram.

    (…)

    A obsessão cavaquista pela chamada convergência nominal, no quadro da aceleração liberal da integração europeia, contribuiu para uma duradoura sobreapreciação da nossa moeda. Esta opção enfraqueceu a competitividade do sector de bens transaccionáveis para exportação num período de transição crucial e canalizou muito do esforço empresarial para o sector de bens não- -transaccionáveis, como foi o caso da construção. Foi à sombra desta e da especulação que prosperou a banca privada impulsionada pelo cavaquismo e por muitos cavaquistas. Nos sectores controlados pelos grupos económicos que ascenderam em Portugal, o mercado é irremediavelmente uma entidade vaporosa que esconde mal a força das redes sociais.

    (…)

    Não é de admirar que o cavaquismo tenha coincidido com a manutenção de elevadas taxas de pobreza e com um assinalável aumento, que nunca mais foi revertido, das desigualdades de rendimentos. Mário Crespo escreveu recentemente que o mito do cavaquismo acabou. É pena que seja mais fácil acabar com os mitos do com as estruturas económicas e com os valores iníquos que eles nos legaram.
• Pedro Adão e Silva, O espectro:
    (…) Não vejo como essa reconfiguração possa ocorrer sem pôr em causa a governabilidade do país e sem contribuir para o aprofundamento da crise que vivemos.
    No fim, fica uma dúvida: os eleitores expressaram o seu protesto mas, quando estiver em causa a governação do país, voltaremos à bipartidarização ou, pelo contrário, os três blocos, que vivem de costas voltadas, vieram para ficar?
• Pedro Adão e Silva, Rupturas à esquerda:
    Os partidos de extrema esquerda têm uma responsabilidade não menor. Com um resultado que supera os pontos mais altos do PC (em 1979), contraíram a obrigação de transformar voto de protesto em mudança efectiva. Para tal, precisam, antes de tudo, de abandonar a tradição de escolher o PS como adversário preferencial e recentrar as suas reivindicações programáticas (por exemplo, o absurdo de exigir a saída de Portugal da NATO). Serão capazes? Acho muito difícil, como prova a experiência autárquica em Lisboa. Mas uma coisa é certa, os eleitores não perdoarão que o esforço não seja feito.

2 comentários :

praianorte disse...

Cavaco Silva lembrou que "a ausência de escrúpulos e princípios" está na origem da crise". E onde isso está? Em Portugal no PSD, nos O. e Costas, Dias Loureiros, Joaquins Oliveiras e mais alguns figurões. Que eu saiba esses srs tem recebido solidariedade de Cavaco, em particular D. Loureiro.
Cavaco é mestre da demagogia. Não pode passar por cima das suas responsabilidades politicas em muitos aspectos da crise. Ele é actor principal e não mero espectador.

Anónimo disse...

Para o Xico: http://www.epis.pt epis/epis_orgaos.php