segunda-feira, junho 08, 2009

Viagens na Minha Terra

    • Pedro Adão e Silva, Do baú:

      “A confrontação com os actores sectoriais tem sido uma forma eficaz para que aos olhos do “interesse comum” as mudanças sejam percepcionadas como legítimas. Mas não deixa de ser verdade que numa democracia ainda longe da institucionalização, esta estratégia produz danos colaterais. Portugal precisa de mais e não de menos factores de intermediação entre a sociedade e a esfera política e a valorização da negociação é uma das poucas formas conhecidas de tornar orgânica a representação da sociedade. Com uma crescente pulverização dos interesses organizados, a ancoragem política dos blocos sociais fica ainda mais frágil e a estabilidade do sistema partidário será, no médio prazo, afectada. Também aqui, o eleitorado tenderá a fugir e, no que é grave, quando o fizer, fá-lo-á sem rumo.”

    • Paulo Pedroso, Rescaldo das europeias a pensar nas legislativas:

      “(…) Que deve o PS fazer com esta derrota?

      1. (…) Deixar claro como vai enfrentar a questão da redução das desigualdades e o reforço das classes médias. (…) Abandonar a tentação de ser o partido-centro do sistema equidistante da direita e da esquerda e lutar por ser o partido-âncora da esquerda, combatendo a direita democrática e a esquerda irrealista.

      2. (…) Dar combate ideológico às receitas neoliberais para o país e escolher uma agenda política que o diferencie delas. Preparar um programa para a próxima legislatura que o revincule ao eleitorado reformista de esquerda e não apenas ao eleitorado reformista tout court, quiçá aos reformistas de direita.

      3. (…) Concluir a legislatura com a orientação que teve até hoje, mas dar ouvidos aos eleitores que escolheram as europeias para protestar. (…)

      4. (…) A missão histórica dos socialistas é encontrar a alternativa que retire dos protesto energias positivas de reforma, que influencie o capitalismo regulando-o seriamente e que derrote a direita reaccionária e xenófoba.

      5. (…) Todas as reformas dolorosas que foram feitas precisam de ser explicadas quanto à sua necessidade e direcção. (…)”

    • João Pinto e Castro, Eleições apesar de tudo europeias:

      “É evidente que, dos poucos europeus que se dão à maçada de votar para o PE, um bom número fá-lo para mandar recados do mais variado tipo ao governo do seu respectivo país. É também evidente, porém, que fazem mal.
      O resultado desse comportamento irresponsável foi que, por força do voto militante dos extremistas, vamos agora ter um Parlamento Europeu recheado de freaks, o que lhes concederá um peso desproporcionado e perigoso durante os próximos anos.
      Na ausência de políticas estruturadas e compreensíveis para os eleitores, nada de bom poderá resultar da presente crise económico-financeira. A insegurança e, em particular, o receio do desemprego de longa duração estimulam o ódio aos imigrantes e tornam mais apelativo o proteccionismo económico.
      Resumindo e concluindo, os resultados das eleições de hoje foram desastrosos para a Europa, particularmente na medida em que bloqueiam no futuro imediato todo e qualquer avanço no sentido da melhoria da sua governabilidade.”

    • Eduardo Pitta, EUROPEIAS. NÚMEROS:

      “Sobra o Bloco Central. PSD e PS juntos somam 58,26% (muito longe dos tradicionais 75%). As corporações que por birra foram votar contra o PS, à revelia das suas convicções — conheço muitos conservadores que votaram Bloco por causa das famosas “avaliações” —, podem antever o resultado de um pacto assim.

      O PSD ganhou as europeias em 1987, 1989 e 2009. O PS ganhou-as em 1994, 1999 e 2004.

      O discurso de Sócrates teve o tom adequado às circunstâncias. O de Rangel, cheio de farpas escusadas num vencedor, perdeu “grandeza” na alusão (descabida) ao telefona-não-telefona.

      A ideia peregrina de que o governo tem de ficar de braços cruzados até Setembro («perdeu legitimidade», dizem Rangel e Manuela) não tem pés nem cabeça. E se as legislativas fossem daqui a 18 meses? Um exemplo pequenino: os clientes do BPP que têm as contas congeladas há sete meses, vão ficar outros sete a pensar em anteontem? Porque isso é um problema de estrutural. Mexe com o dinheiro dos contribuintes e abre precedente. Mas tem de ser resolvido.”

    • Vieira do Mar, quando chega a altura
    • Val,
    Numerologia
    • Tomás Vasques,
    A escolha de Outubro
    • Rui Cascão,
    Eleições Europeias
    • Porfírio Silva,
    derrota e troco
    • Pedro d’Anunciação,
    Os resultados das europeias
    • O Jumento, AS EUROPEIAS FORAM UMA SONDAGEM PARA AS LEGISLATIVAS
    • Nuno Moita,
    Eleições Europeias
    • Macro,
    Paulo Rangel e a moção de censura ao governo. O seu contributo (claustrofóbico) para a democracia
    • Luís Grave Rodrigues,
    Há males que vêm por bem
    • José Simões,
    Suspensão da Democracia
    • José Ferreira Marques,
    Decidam-se!
    • João Pinto e Castro,
    Europa a duas velocidades
    • Carlos Santos,
    Pouco recomendável inferência de Paulo Rangel sobre Legitimidade Democrática
    • Carlos Leone,
    Dia de reflexão

    4 comentários :

    Anónimo disse...

    Eu começaria por substituir três ministros: agricultura, educação e justiça.

    Sinel de Pina disse...

    Ridícula, a manobra de diversão do citado Pita. Quando é que esse sujeito começa a enxergar-se?

    fado alexandrino. disse...

    Vou só fazer um comentário ao post de Pitta (atenção aos dois t's) uma vez que ele nâo os deixa fazer lá.

    E se as legislativas fossem daqui a 18 meses?

    Como é que se quer ser sério com argumentos destes?

    Anónimo disse...

    Já eu, começaria por substituir o PM. Podia ser que assim ainda houvesse esperança de evitar uma hecatombe nos próximos actos eleitorais!