domingo, janeiro 17, 2010

Leituras

• Emídio Rangel, Evitar a bancarrota:
    Não comecei no jornalismo como paquete. Vítor Rainho foi paquete no ‘Expresso’ e é subdirector no ‘Sol’. Está pior no ‘Sol’ que no ‘Expresso’. É subdirector sem ter deixado de ser paquete. Um paquete pacóvio e mal-educado.
• Fernanda Palma, A Sentença Penal:
    É este impulso, descrito por Aristóteles como a lógica dos desejos, que deve ser objecto de reflexão crítica do juiz. Como diz Paul Ricoeur, quem julga é o primeiro a dever colocar-se sob suspeita. Pergunta-se, aliás, se na sentença penal a fundamentação precede a decisão ou é uma sua justificação posterior. Se aceitarmos que o desejo comanda a acção, a decisão de agir só procura ulteriormente razões para se apoiar.

    Quem profere uma sentença confronta-se inevitavelmente com a sua convicção pessoal, que pode equivaler ao desejo. Tem, por conseguinte, a obrigação de testar o rigor da sua convicção. Mas a questão fundamental, independentemente da ordem entre os fundamentos e a decisão,é saber se os primeiros são a "energia interna" da segunda ou apenas "razões" artificiais, inventadas a título póstumo.
• Ferreira Fernandes, Cavaco fraco inspira ambições:
    Como se sabe, as eleições presidenciais realizam-se de dez em dez anos. Pelo meio, ao quinto ano, faz-se um simulacro para o eleitorado não perder a mão. O Presidente em exercício faz de conta que põe o seu lugar em jogo, as oposições presidenciais apresentam cordeiros para degola e o Presidente é reeleito. O seu mandato natural é, pois, de dez anos, com uma vitória ao meio por falta de comparência de adversário. Vejam as eleições presidenciais de simulacro que já tivemos. (…) Por que razão nos anos de Presidente de saída há engarrafamentos (1986: Soares-Freitas-Zenha-Pintasilgo; 2006: Cavaco-Alegre-Soares) e nos anos de recandidatura presidencial há assobiares para o lado? A disponibilidade de Manuel Alegre para 2011 podia fazer supor que, pela primeira vez, havia um bravo a desafiar um Presidente. Mas não é disso que se trata. Pela primeira vez o que temos é um Presidente com fraca recandidatura.
• Pedro Adão e Silva, O silenciamento de Marcelo:
    (…) não há comentário político independente, assente numa mirífica neutralidade axiológica. Pelo contrário, o comentário é alicerçado numa determinada visão política, que enquadra as análises. Contudo, e esse é o equívoco, uma coisa é analisar a partir de um posicionamento ideológico, outra é fazê-lo com base numa agenda partidária. Não há razão nenhuma que impeça um militante partidário de analisar a actualidade com autonomia face ao seu espaço de origem. Depois, o pluralismo não se garante nem ao cronómetro, nem com programas televisivos que se transformem em frisos parlamentares. Na verdade, se o argumento do contraponto a Marcelo for para levar a sério, para dois militantes do PSD na TV, deveriam existir três do PS, um do CDS, do BE e do PCP, sempre com uma distribuição dos tempos proporcional aos resultados eleitorais.
• Pedro Marques Lopes, O extraordinário Congresso:
    Em entrevista ao Expresso, admite que a reunião magna serviria - um "bocadito", nas suas palavras - para tirar eventuais candidatos da toca. Parece mais uma das brincadeiras a que Santana Lopes nos habituou. Não é suposto que uma pessoa que quer ser primeiro-ministro - é isso que está em causa - tenha já por esta altura um projecto, uma ideia, um conjunto de propósitos e, sobretudo, uma vontade clara de liderar os sociais-democratas? Irá descobrir no meio desse congresso uma vontade súbita de ser presidente do partido? Que credibilidade terá uma pessoa destas?

    Esta semana, Santana Lopes diz também que é preciso o tal congresso extraordinário para fazer o balanço. Qual balanço? O balanço a que com certeza se refere já foi feito pelos portugueses e pelos próprios militantes do PSD: o relatório foi entregue quando se contaram os votos nas legislativas. Mais tarde, a Dra. Ferreira Leite mostrou que o tinha compreendido quando declarou que não voltaria a candidatar-se e que marcaria as directas.

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