Justifica-se, por isso, fazer um breve balanço da acção dos jornalistas nesta história da deriva política do processo Face Oculta.
1. Um jornal (Sol) tem divulgado presumíveis despachos judiciais, contendo presumíveis escutas. Ninguém sabe ao certo se aquelas escutas existem, se os despachos têm aqueles conteúdos, se os jornalistas truncam as informações.
2. As "notícias" baseiam-se exclusivamente nas escutas/despachos. Não existe qualquer trabalho de investigação, o que implicaria, entre outros aspectos, ouvir os intervenientes e outras partes directa ou directamente afectadas.
3. Grande parte das "notícias" nem sequer têm sustentação nas alegadas escutas/despachos. É o caso do envolvimento de Inês Medeiros.
4. Outra parte das "notícias" baseia-se em raciocínios (!?) com a profundidade de uma conversa de café (suposta tentativa de comprar/dominar a Cofina, por exemplo).
5. A totalidade dos media limita-se a seguir o guião do Sol, o que diz muito sobre o estado do jornalismo em Portugal, mas acima de tudo acerca dos propósitos da ofensiva mediática. Nenhum jornal, televisão ou rádio tentou, por exemplo, ter acesso aos despachos/escutas e publicar a sua versão (note-se que não vale o argumento da legalidade - os media, ao transcreverem as "notícias" do Sol estão a violar tanto a lei como se fossem eles os primeiros a publicar as histórias). Nenhum jornal, televisão ou rádio tentou, junto dos supostos protagonistas, perceber se o guião do Sol faz sentido.
6. A generalidade dos media reproduz acriticamente as "notícias!" do Sol, apesar de elas serem subscritas por Felícia Cabrita e de o jornal ser dirigido por José António Saraiva, cujas agendas e interesses directos na matéria são por demais conhecidos.
7. A totalidade das "notícias" publicadas noutros meios sobre este assunto é contaminada pela lógica da disputa entre grupos de comunicação social, sendo a cobertura dos meios da Impresa a demonstração mais evidente dessa realidade.
Em suma, as notícias sobre este assunto violam claramente a lei, a começar na Constituição, e os códigos de conduta dos jornalistas e são, ainda, determinadas por agendas pessoais, políticas e económicas.
Não considera Joaquim Vieira estarem mais que satisfeitos os requisitos da "desobediência civil" de que fala?
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