- ‘Alguns esperavam que a tragédia grega convencesse os políticos de que o euro só pode vingar se houver mais cooperação, incluindo assistência financeira. A Alemanha, fazendo eco da sua opinião pública, recusou-se a dar à Grécia a ajuda de que o país necessita. Muitos questionaram-se, dentro e fora da Grécia, uma vez que foram gastos milhares de milhões para salvar os grandes bancos. Mas agora que é preciso salvar um país de 11 milhões de habitantes, o tema passou a ser tabu.
A lição é muito clara para os países mais pequenos da UE. Se não reduzirem os défices orçamentais, o risco de ataques especulativos será maior e a ajuda que possam obter dos seus vizinhos estará sujeita a restrições orçamentais pró-cíclicas dolorosas e contraproducentes. À medida que os países europeus adoptam essas medidas, as suas economias tenderão a enfraquecer e, consequentemente, a afectar a retoma mundial.
Seria útil analisar os problemas do euro numa perspectiva global. Os EUA queixam-se dos excedentes da BTC chinesa, mas se pensarmos em termos de percentagem do PIB, o excedente da Alemanha é muito superior. Vamos supor que o euro foi criado para o comércio na zona euro, no seu conjunto, ser mais equilibrado. Isso quer dizer que para a Alemanha ter excedente, o resto da Europa tem de apresentar défice. Ora, o facto desses países importarem mais do que exportam, fragiliza as suas economias.
Uma das soluções propostas para os países deficitários implica o equivalente a uma desvalorização, a uma descida uniforme dos salários. Além de inexequível, as consequências distributivas seriam inaceitáveis.’
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