quarta-feira, maio 26, 2010

Mais zero, menos zero



Francisco Louçã acaba de tirar um novo coelho da cartola: um investimento de 5 mil milhões de euros para recuperar mais de 291 mil casas degradadas, das quais cerca de 200 mil a necessitar “unicamente de pequenas obras”.

Em abstracto, o Bloco de Esquerda tem ideias magníficas. O problema é que, depois, há aquela coisa chata que é a realidade — que só atrapalha.

Louçã entende que esta iniciativa, para além de outras vantagens, responde também ao problema do crescimento do endividamento. Como? Não se sabe. Aparentemente, durante a execução deste programa, a lógica apontaria até para um agravamento do endividamento. O que, na actual situação, significaria andar com o passo trocado na parada.

Mas o que é interessante é que Louça retoma uma proposta que consta do programa do BE para as últimas eleições legislativas, então referida no CC: investir 500 milhões de euros durante cinco anos, para conseguir reabilitar 100 mil casas e apoiar com juros bonificados a reconstrução de outras 100 mil.

Dias depois, numa interpelação ao Governo, o BE deixava cair a “reconstrução de outras 100 mil” casas, mas o valor de 500 milhões a investir manteve-se. Agora, pinta de fresco a anterior iniciativa, multiplicando por dez o valor de há uns meses: de 500 milhões para 5.000 milhões. Mais um zero à direita que pode apenas significar um zero à esquerda.

4 comentários :

Vega9000 disse...

Era uma boa ideia. Até se podia criar a "Parque Habitacional E.P.E", e já tinham mais um argumento para bater no governo. Dois em um.
Contra o endividamento: mais subsídios! A lógica é avassaladora.

Mario Neiva disse...

Para onde quer que vá fico espantado com tanto prédio construido ou em construção, com casas para alugar ou vender. Chego a dizer para comigo onde é que há gente para comprar tanta casa. Se vamos investir um balurdio de 5000 millhões (quantas travessias sobre o tejo dá?) a restaurar casas vai-se inflacionar a oferta. Pergunto, qual o retorno deste mega investimento de Louçã & Cª? Alguém dê aí um palpite, que eu não entendo

Anónimo disse...

como é que é possível que um professor universitário de economia faça uma proposta destas?

faz a reabilitação com que capitais?
- próprios
- alheios;
- pede emprestado e não paga;
- pede emprestado e não declara (como a Grécia)e depois logo se vê

Björn Pål disse...

Só na grande Porto há cerca de 150.000 casas/apartamentos novos e sados para venda, alguns há anos (aqui em frente há um que tem a placa de "vende-se" para cima de 8 anos...).