quinta-feira, agosto 19, 2010

A insustentável leveza do passismo


Podia ser a comissão política do PSD
a olhar para o passarinho


O Diário Económico ouviu um conjunto de empresários e gestores sobre a chantagem que o PSD de Passos Coelho está a fazer em torno do Orçamento do Estado para 2011. Embora muitos deles tenham ligações ao PSD, tendo até Luís Filipe Pereira sido governante nos tempos idos de Cavaco e Barroso, apenas uma personagem se mostrou em concordância com a estratégia kamikaze de Passos Coelho: o seu apoiante Mira Amaral. As suas palavras merecem constar desde já no livro de ouro da insustentável leveza do passismo.

Eis uma súmula das declarações prestadas ao DE:
    Diogo Vaz Guedes (Administrador da Privado Holding): “Usar a
    bomba atómica (convocar eleições antecipadas) para resolver problemas de bom senso é péssima ideia.”

    Luís Filipe Pereira (CEO da Efacec): “Os partidos têm que se entender para que o país não fique desgovernado durante tanto tempo.”

    Mira Amaral (Presidente do Banco BIC Portugal): “Para o país era bom que existisse entendimento, mas vivendo em duodécimos temos uma certeza que a despesa pública não aumenta. É óbvio que também não desce, mas com o OE também não.”

    Pedro Gonçalves (CEO da Soares da Costa): “Viver num regime de duodécimos é um sinal do menor normal funcionamento do Estado e da situação política portuguesa. Não será um bom sinal numa óptica dos compromissos externos que assumimos.”

    Alberto da Ponte (CEO da Central de Cervejas): “Não é desejável viver com duodécimos. É sempre necessário ter um orçamento com cabeça tronco e membros. Faço votos que haja profissionalismo e que a carga fiscal não seja mexida.”

    Jorge Armindo (Presidente da Amorim Turismo): “Acho que o OE vai ser viabilizado. Se a via fosse o regime de duodécimos deixaria de haver cooperação entre PS e PSD, passaríamos a viver em instabilidade. Não pode ser essa a via porque se começam a sentir melhorias.”

    João Miranda (Presidente da Frulact): “À questão se um regime de duodécimos condiciona o comportamento das empresas tenho que responder que sim.”

1 comentário :

António Cordeiro disse...

Seria engraçado juntar uma segunda hipotética pergunta a estas sumidades, e se o PS pretendesse aumentar (mesmo que provisoriamente) o IRC ou fazer uma sobretaxa sobre os vencimentos dos gestores, iriam ver que afinal viver de duodécimos era um mal menor...
É por demais evidente que o PS pretende passar o 9 de Setembro e vitimizar-se para poder aprovar o seu Orçamento e o PSD pretende pressionar o PS antes dessa data. Mas o que estes 2 partidos querem na realidade é continuarem a fazer o que fizeram nestes últimos 36 anos...