sábado, novembro 06, 2010
Balão de ensaio para um golpe palaciano
Cavaco avisou que se dispõe, no caso de vencer as eleições, a assumir uma “magistratura activa”. Com a sua vocação de tradutor, Pacheco Pereira explica hoje no Público em que consiste tal vaga ameaça.
Não estando resignado com os resultados das últimas eleições legislativas e tendo concluído que seria uma empreitada votada ao fracasso obter uma vitória sobre Sócrates em eleições antecipadas, o cavaquismo ensaia a hipótese de um governo de iniciativa presidencial, ao qual incumbiria aplicar um “plano de salvação nacional”.
Pacheco pensou em tudo. Para consumar o golpe palaciano, teria naturalmente de arranjar forma de afastar Sócrates. O substituto seria, em princípio, alguém do PS que aceitasse ser indicado pelo PSD (e pelo CDS, admite o tradutor da Marmeleira, se o Caldas quisesse ser cúmplice na golpada): “Neste processo, o PS consultou o PSD e o CDS sobre a figura que lhes parece mais aceitável para primeiro-ministro e para ministro das Finanças, alguém com quem os dois partidos, seja qual for a fórmula, aceitem colaborar num programa mínimo de salvação nacional.”
Naturalmente, o “plano de salvação nacional” seria congeminado pelo PSD: “O PSD apresenta ao PS um plano mínimo de medidas que considera fundamentais para restaurar as finanças públicas, permitir o crescimento económico e controlar a dívida. Esse plano destina-se a ser implementado de imediato. Naquilo que forem políticas a mais longo prazo, fica acordado pelos dois partidos (ou três) que estas serão incorporadas nos seus programas eleitorais de 2013. O objectivo é permitir, principalmente nos aspectos mais gravosos de uma política de austeridade, que esta é sustentada desde já e o continua a ser até ao fim da legislatura que terminará em 2017.”
E em que consiste o “plano de salvação nacional”? Algo bastante linear: desmantelar o Estado democrático (e não apenas colocar o Estado Social em banho-maria) [“O PSD ajudará a definir as regras do ‘Estado social’ [entre aspas no original] mínimo e sustentado, o PS fará um plano drástico de reduzir os custos e o tamanho do Estado”] “e os poucos recursos que sobram do aperto orçamental são destinados ou a proteger os mais pobres dos efeitos da crise ou a apoiar a economia produtiva.” Tendo em conta o objectivo de desmantelar o Estado, o “Governo decide concentrar nas instituições de solidariedade social o apoio à pobreza, ao desemprego”.
“Tudo isto é feito no máximo de um mês”, garante Pacheco, por homens bons, que ainda os há nos partidos: “Nem um homem dos aparelhos partidários estará nessas equipas, que juntam os mais prestigiados, conhecedores e respeitados homens dos partidos, que existem no PS e no PSD, estejam no activo, no Parlamento, no Conselho de Estado, ou a trabalhar nas suas profissões.”
Ao pé deste “plano de salvação nacional puramente utópico”, a proposta da Dr.ª Manuela de suspender a democracia por seis meses é uma brincadeira de crianças. Uma única certeza: Cavaco insiste, agora pela pena do tradutor da Marmeleira, que “pessoas inteligentes, com a mesma informação, chegam às mesmas conclusões.”
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5 comentários :
Miguel:
O golpe pode estar a ser pensado, mas não vejo maneira de o concretizar, mesmo sabendo que "entre os portugueses sempre houve alguns traidores". Cito Camões, de memória. Que já não é famosa.
por homens bons, que ainda os há nos partidos: ainda???
é utópico
nem fora dos partidos os há
vamos ver se a direita grega
se aguenta
há que ter fé
Απέχοντας(;)
ΜΑΘΗΜΑΤΑ ΔΗΜΟΚΡΑΤΙΑΣ
Κάποια στιγμή στο γυμνάσιο – αν δεν κάνουμε λάθος – ακούσαμε για πρώτη φορά το δόγμα «η δημοκρατία είναι το καλύτερο πολίτευμα».
Não acredito que o filósofo da Marmeleira tenha escrito isso. O Miguel está a reinar connosco!
Caro Miguel,
A nossa sorte é que a realidade é, sempre, muito mais criativa do que a ficção.
Por outro lado, ele há sintomas claros disso, o JPP está a ficar senil e a descolar da realidade.
No entanto, tal não impede a urgência e a necessidade de estarmos atentos a uma espécie de "sidonismo" de pacotilha com epicentro na "fonte" de Boliqueime.
Tal dependerá de várias variáveis e da sua combinação.
Entretanto, Cavaco Silva precisa, para esse plano delirante, ou um outro de matriz sidonista, ou outro de "iniciativa" presidencial ao modo eanista...precisa, dizia eu, de ganhar as eleições em Janeiro de 2011.
Eu acho que as vai ganhar, mas sobra uma questão que não será despicienda: por quantos? O número poderá fazer toda a diferença.
Abraço,
J. Albergaria
Esse Pacheco Pereira precisava de ser empalado!
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