Lição para os gatos-pingados que vivem do espólio das derrotas

• António Correia de Campos, Ânimo!:

‘Pela primeira vez ao longo da crise, a preocupante subida dos juros de risco das obrigações da dívida soberana não aparece imputada nem ao Governo, nem à Oposição. Estamos a melhorar no nosso comportamento colectivo. Mas o bode expiatório Merkel, embora tenha pecados a expiar, não pode ser o único responsável. Devemos procurar nos sinais transmitidos aos mercados pela miopia dos assessores da Task Force do Conselho Europeu, numa Comissão sem nervo e também nos próprios Estados Membros, que consentem calando-se. Creio ser altura de algumas vozes se erguerem nos Conselhos. Que tal uma sibilina referência à potencial inexorabilidade de abandono do clube privado, para evitar males maiores? Se a solução será um drama interno a evitar, não será também uma "pêra-doce" para os que ficarem. Não se recomenda que sejam os Estados membros os primeiros a falar, mas já seria boa altura de editorialistas especializados equacionarem o tema, não como ameaça, mas como antevisão de um futuro incerto, se não passarem a ser mais assertivos os passos e as vozes dos que mandam na Europa.

Finalmente, um pouco mais de ânimo, senhores comentadores! Foi necessário virem os dados da estimativa rápida do INE, para que os esgares passassem a leve sorriso.Ter o PIB no terceiro trimestre a subir 0,4% em cadeia e 1,5% em meses homólogos, contra as vozes das cassandras que o davam a estagnar ou até já a declinar, só não serve de lição para os gatos-pingados que vivem do espólio das derrotas. A coruja também se alimenta do azeite das igrejas, mas acaba por apagar as lanternas.’