3 000 000
Afirmar que ontem fizeram greve 3 milhões de portugueses é coisa de Gato Fedorento. Isso não impede que, desde que tal número foi atirado à praça, todos os noticiários de televisão (e talvez todos os jornais de amanhã) o reproduzam como se de uma verdade se tratasse. Placidamente, bovinamente.
E, no entanto, trata-se de uma daquelas afirmações que o simples bom senso desacredita (veja-se, por exemplo, aqui, uma desmontagem empírica da coisa).
O mesmo bom senso diz-nos que, no fundo, no fundo, esta greve foi, essencialmente, uma greve do sector dos transportes, pelo que a "adesão real" não terá ultrapassado as dezenas de milhar, enquanto que a "adesão derivada" (a daqueles que não foram trabalhar sob a alegação, falsa ou verdadeira, da falta de transportes) nunca poderá ultrapassar as escassas centenas de milhar.
Obviamente, as centrais sindicais sabem que isto é assim, mas contam com a benevolência e incompetência dos media, sempre disponíveis para amplificar qualquer alarvidade, mesmo que fira os mais elementares critérios de razoabilidade, desde que seja contra o governo.
Ao colocarem em cima da mesa um número destes, completamente irrealista, as centrais sindicais acabam, porém, por assumir o carácter de farsa do protesto de ontem. Era a feijões.
17 comentários :
É a percepção de qualquer pessoa que pense um minuto sobre a distribuição do trabalho no país sabendo que nas PME ninguem fez greve e que nas GE a greve se se deu foi de raspão.
Logo o número avançado pela Sindical de 3 milhões deve ser lido, exactamente como o número dos que trabalaharam, o resto, são o sector público e os que estes impediram de trabalhar.
A greve geral:
Quando se faz a avaliação quer da parte do governo quer da parte dos sindicatos há sempre uma leitura contraditória. Acredito mais nos dados do governo. Os sindicatos na sua leitura avaliam sempre por alto. Gostava de saber como em tão pouco tempo têm os dados tão certeiros.
Há dias foram contraditados por uma individualidade independente (leia-se estrangeiro) e a única contestação que vi por parte dos sindicatos foi de que os dados que revelavam eram da PSP. Diziam que aderiram cerca de cem a cento e vinte mil e a outra parte disse que quanto muito eram de oito a dez mil.
Por vezes estas contas feitas pelos sindicatos fazem-me lembrar os ciganos quando iam vender o burro à feira. Pediam sempre o triplo do valor com a intenção de o vender por um terço desse valor.
Posso falar pela minha terra. Pouco se notou de diferente do que é habitual. Tenho dois netos a frequentarem o ensino primário. O do infantário não teve aulas o outro que frequenta o 3º ano do 1º ciclo teve durante o dia todo.
Sou de uma terra que não somos servidos por transporte público portanto não se notou nenhuma alteração. Os CTT funcionaram com normalidade, os bancos idem. Na unidade de saúde (posto médico) resido próximo e não vi qualquer alteração.
Das pessoas que são convidadas quando há manifestações em Lisboa (com tudo pago) vi-as a passear no parque de lazer aqui da minha terra – desempregados e reformados. Portanto pelo que me foi dado observar o dia decorreu normalmente.
Agora quem vende o artigo tenta sempre valorizá-lo. Mais a mais se o não fizessem o seu posto de trabalho era posto em causa.
Nada mais seria de esperar do pasquim do Belmiro!
A ausência de pessoas na rua a protestar é sinal evidente da falta de adesão à greve. Aquilo que mais surpreendeu as estações de tv estrangeiras que estiveram cá a fazer a cobertura da greve geral (assim como estiveram em Espanha, França e etc) foi isso mesmo: ausência de pessoas na rua em contestação. Como é possível? Quem faz greve está em contestação. Logo sai à rua para mostrar esse descontentamento. Onde, onde estavam os 3 milhões descontentes?! Muitos foram, e conheço várias pessoas nessa situação, que não foram trabalhar porque tiveram de ficar com as crianças ou por falta de transporte. Tão simples quanto isso. Greve? Maior greve de sempre?... Pois...
a daqueles que não foram trabalhar sob a alegação, falsa ou verdadeira, da falta de transportes a fertagus foi a menos de 1/6 da capacidade normal poderá ultrapassar as escassas 14 ou 15 centenas de milhar
se calhar mesmo as 20
professores que assinaram o livro no dia anterior foram bastantes
mas muitos mais fizeram greve a pagar do seu bolso
idem para centos de miles de funcionários públicos acima dos 1500 euros
era de esperar
O consumo de electricidade foi igual, pelo que:
ninguém fez greve.
Isto sim , é seriedade.
Vais de vela vais,ps
GREVE? QUE GREVE? EU VI QUASE TODA A GENTE A TRABALHAR!MAL EMPREGADO TEMPO QUE DESCONTEI PARA O MEU SINDICATO FILIADO NA INTERSINDICAL,DURAMTE 35 ANOS! PASMO COM A ATITUDE DESTES SINDICATOS. O QUE PRETENDERÃO? O MARIO NOGUEIRA, DA FENPROF PARECE DIRIGENTE DO PIOR QUE O PSD TEM. VALHA_NOS S. ANTÓNIO!!!!!
O meu comentário anterior foi para SPAM por ter hiper-ligações?
O Sindicatos ridicularizam-se a si próprios. Depois disto ninguém já os leva a sério.
Ouvi dizer que o Colombo estava ao barrote de manifestantes a fazer compras de Natal.
Deve ser dos cortes salariais!
Será um pouco como nas sondagens? Eu nunca fui sondado, entre os meus amigos e conhecidos ninguém me conta ter sido sondado. Mas parece que há sondados, só que eu não os vejo.
Dentre os meus amigos e conhecidos, sei de um que fez greve. Um ou outro mais poderá também ter feito, na primeira ocasião vou perguntar. Uns trabalham no público, outros no privado, a níveis sociais diversos. Muitos, chateados com a necessidade de ficar em casa devido às dificuldades nos transportes públicos ou para tomar conta dos filhos. Grevistas à força.
Cada um de nós pode fazer uma sondagem assim, e aposto dobrado contra singelo que no fim perguntará: mas como chegam estes senhores dirigentes sindicais a 3 milhões? Parece que há muitos grevistas, mas, como nas sondagens, poucos vemos. Só que aqui não se trata de sondagens.
Não sei se os responsáveis sindicais se dão conta de como estas fabulações contribuem para desacreditar o sindicalismo, já em adiantado avanço no caminho para o estado de cristalina inutilidade.
Numa sociedade dita moderna, a capacidade de perturbação de qualquer movimento é enorme. Como numa auto-estrada, basta um carro acidentado para incomodar o trânsito, provocar outro acidente em cadeia e finalmente bloquear a via. Mas nem aí se chegou.
Claro que são muitos os que fizeram greve: nos transportes públicos, como é tradicional. No ensino público, onde é seguro, sem riscos nem grandes inconvenientes financeiros para os próprios. Como nos hospitais (nos públicos, evidentemente). Isso já faz muita gente. Mas tudo isso é contável, como fez a Administração. Para dividir os números por 20.
Evidentemente que há motivos para preocupação, sérios, muito sérios, que não estiveram presentes nesta greve. Que de resto nem teve objecto bem definido nem serviu para nada, a não ser empurrar o país um pouco mais para a beira do precipício. Motivos para greves e muito mais, transformações profundas que ameaçam e que ninguém aborda, como se a ascenção de Passos Coelho e as preocupações securitárias de Paulo Portas fossem epifenómenos desconectados de uma evolução (revolução) social que nos transportará, em queda livre, aos primórdios do século passado. Mas disso não falam os sindicatos, que preferem atacar o Sócrates. Rende mais e tem apoio e ampliação garantidos na nojenta e assim chamada comunicação social. Esperemos mais algum tempo para vermos de que lado vão estar os sindicatos (e, já agora, a comunicação social...), assim como certas classes privilegiadas que tanto têm feito falar delas noutras ocasiões. A polícia já escolheu: as taser devem estar prontas, os blindados de transporte estão finalmente a chegar.
Será talvez suficiente agora chegar o FMI, que o PSD e o CDS tanto desejam, para atear o rastilho.
Pelo sim e pelo não, eu vou procurar uma ilha.
Pior cego é aquele que não quer ver. Na greve geral de ontem participaram centenas de milhares e milhares de trabalhadores, por muito que isso vos custe admitir, e não participaram mais porque temos hoje cerca de 1 milhão e 250 mil trabalhadores precários. Mais do que procurarem minimizar o numero de 3 milhões de trabalhadores envolvidos na Greve Geral de ontem apresentado pelas Centrais Sindicais deveriam perguntar quantos português ontem estiveram contra a greve geral. O que é extremamente lamentavel é que a mulher a dias da Praça de Londres, com todo o respeito pelas verdadeiras, tenha a lata de dizer que a greve variou entre 5 e 95%, mais um pouco e acertava.
Em Viana do castelo o cenario foi o seguinte:
CM greve parcial:
- Museu aberto;
- Biblioteca aberta;
- Camara a funcionar a 50%;
- Serviços limpeza fechados.
Finanças greve parcial:
- Portas abertas a funcionar;
- Direção portas abertas a funcionar.
Hospital:
- Urgencia a funcionar;
- Restantes serviços parcial.
Centros de saude:
- Parcialmente a funcionar.
Seg.Social:
- A funcionar.
Transportes publicos:
- A funcionar.
Transportes publicos mas particulares:
- A funcionar.
Porto de Mar:
- Parcialmente a funcionar.
Grandes superficies:
- Todas abertas e a funcionar em pleno.
Portucel:
- A funcionar
ENVC:
EDUCAÇÃO estatal:
- Parcialmente a funcionar.
Educação privado e profissional:
- Tudo em pleno.
TODO O RESTO FUNCIONOU EM PLENO.
Esta amostragem mostra como é enganadora a "boca" dos vitalicios carvalhos/Proenças. O sindicalismo para sobreviver em democracia necessita de uma refundação.
Claro que 3 milhões é ridículo, Como seriam 2 ou 1. Mas a questão é a seguinte: as pessoas não fizeram greve, porquê? Tem receio de represálias? Não se estão para chatear? Estão satisfeitas na empresa onde trabalham? E a questão de fundo: se não fizeram greve, devemos assumir que estão satisfeitas com o estado do país? Ou apenas adormecidas na sua resignação. Debater isto seria muito mais proveitoso do que estar a "cagar" postas acerca dos números irreais dos sindicatos, ou sobre o que as televisões dizem ou não dizem. As televisões dizem o que os seus donos querem. Seja a SIC de um lado, como a RTP do outro.
Caro Von, as pessoas não fizeram greve, porque sabem bem que o governo não é responsável pela maior crise dos últimos 80 anos e compreendem, como já compreendiam nas últimas eleições quando reelegeram o PM apesar das campanhas de insidia e difamação que vêem sido orquestradas desde 2004, que a única saída para isto é trabalhar. Esta foi a greve dos motoristas e maquinistas a mando das sindicais. O resto é fumo sem fogo. Os números são importantíssimos, tanto que na ultima manif disseram que eram 100 mil e afinal nem 9 mil eram! Receio de represálias ou responsabilidade social? oh meu caro amigo ouvi dizer que o Colombo encheu de funcionários públicos a fazer compras de natal! Foi mais uma romaria, não uma greve geral como você apregoa.
Bom dia,
Constato que o meu comentário de ontem entre as 10h e as 11h, com os links para os locais onde se fez greve, um a um, não foi publicado.
Estamos conversados...
Oh Von,vou repetir o que um vizinho já lhe disse. A maioria não faz greve porque "descobriram" que Sócrates não tem culpas nesta crise.Se o déficit é elevado também foi porque quiz poupar pequenas empresas e desempregados a maiores dificuldades.
o q praqui vai "tratassse" acho q tão a precisar de um corrector ortografico eheheheh ou 3 milhões deles
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